Ao jantar, as entradas frias são cinco (preços entre oito e 16 euros); duas entradas quentes (18 e 22 euros); duas massas (15 e 16 euros) e um "risotto" (14 euros); quatro pratos de peixe (preços entre os 19 e os 29 euros); quatro pratos de carnes e aves (preços entre 20 e 33 euros). Nas sobremesas repete-se a oferta do almoço.
A carta é assinada pelo chefe de cozinha Alexandre Silva, cujos cozinhados revelaram segurança técnica, fantasia e criatividade q.b., memória gustativa portuguesa - no bacalhau lascado, no polvo salteado à moda do lagar, nas sardinhas alimadas e no lombinho de porco preto na grelha -, e alguns conhecimentos das cozinhas orientais (tailandesa e japonesa sobretudo) e italiana. Manifestou ainda à vontade no recurso às técnicas de cozedura mais na moda, como a cozedura a baixa temperatura e em vácuo.
A corvina a 65º C
Do conjunto dos pratos experimentados salientou-se um dos peixes do almoço, a "tranche de corvina a 65ºC, tagliatelli de legumes salteados, molho aveludado de peixe e ervas finas" (18 euros). Cozedura sem mácula, fazendo sobressair a frescura e suculência do peixe, que ressumava gelatina/albumina/gordura fundidas, carnadura rosada (que desagradaria aos adeptos do bem cozido), do melhor que alguma vez comi em restaurante. Feliz ainda o acompanhamento (tiras de curgetes e cenouras "al dente") e o suave molho com salsa. O "bacalhau lascado com batatinhas assadas, espinafres e broa de milho crocante" (19 euros), enformado, teria atingido a perfeição com mais um poucochinho de azeite. As duas entradas, "creme de peixes e crustáceos do Atlântico, rebentos de mostarda" (cinco euros) e "cartucho de requeijão com tâmaras em massa de arroz, chutney de manga e redução de balsâmico" (seis euros), estiveram bem. Muito bem as sobremesas: o original "mil folhas de tiramisú de queijo de cabra, sorbet de caipirinha" (oito euros), um gelado que sabe ao doce original; e o crocante "tudo de chocolate com cremoso de creme inglês, gelado de chocolate branco e amêndoa amarga" (seis euros). Os sabores contrastantes e as texturas de vário tipo constituem uma mais-valia das sobremesas.
Bebeu-se um branco civilizado nos seus 12,5% de álcool, muito equilibrado e fresco, citrino, os Ensaios de Filipa Pato 2007, penso que Arinto e Bical, com uma excelente relação prazer/preço, 15 euros. O "amouse-bouche" também merece menção: um tártaro de atum e manga acompanhado por um "shot" de framboesa e coco. Com dois cafés, a adição foram 88,50 euros.
O jantar, para quatro, teve duas entradas menos conseguidas: a "salada de lagosta e manga, gelatina de melancia e hortelã, vinagrete de baunilha" (12 euros), conjunto algo desequilibrado pela acentuação do lado doce dos acompanhamentos, mas, sobretudo, pela falta de qualidade do crustáceo: carne mole, desenxabida, denunciava a sua condição de bicho de águas quentes; não era lagosta da nossa costa; e a "tempura de caranguejo casca mole, espargos bebé salteados com tomate confit e algas frescas, espuma de licor Beirão" (18 euros), neste caso pela fritura deficiente. Os caranguejos apresentaram-se oleosos, um desprazer; salvou-se o acompanhamento, destacando-se as algas com a espessura de aletria, crocantes, deliciosas. Excelentes os "filetes de sardinhas alimadas em fatias de broa, sorbet de salada de tomate e orégãos" (oito euros); fresca e original a "vichyssoise de coco com frutos do mar caramelizados" (nove euros).
- Nome
- Bocca
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua Rodrigo da Fonseca, 87D
- Telefone
- 213808383
- Horarios
- Terça a Sexta das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 23:00
Sábado das 13:00 às 15:00 e das 19:30 às 23:00
- Website
- http://www.bocca.pt
- Preço
- 45€
- Cozinha
- Autor
- Observações
- Encerrado.
- Espaço para fumadores
- Sim