A crise económica (mau começo...) que ameaça eternizar-se, e de que se ouve falar muito nos restaurantes, pois há cada vez mais proprietários a queixar-se da escassez da clientela, revela no sector sinais contraditórios. Se é verdade que há restaurantes que, mal abrem, já estão a fechar, havendo ainda um ou outro caso de casas conhecidas a encerrar a actividade, tenho a sensação, e restrinjo a minha observação ao caso de Lisboa, de que nunca abriram tantos restaurantes como nos últimos dois/três anos.
Os japoneses arriscam-se a transformar-se em praga, pois há chineses a mudar de ramo; mas os indianos e nepaleses também lhe dão um jeito. Bem como italianos. E até os franceses, que andaram desaparecidos do panorama restaurativo da cidade-capital, estão de volta. Não com a pretensão anterior da "alta cozinha", mas com a informalidade saborosa dos "bistrots" e "brasseries". E não ignoro os adeptos da chamada "cozinha de fusão", um híbrido às vezes difícil de caracterizar, que também fazem parte do panorama.
Ser prior de uma freguesia destas não é tarefa fácil. Ainda mais, como é o meu caso, se não se corre atrás da novidade pela novidade e se tem como regra aguardar pelo menos uma meia dúzia de meses para verificar se o novo restaurante tem pés para andar. E mesmo assim... Quer dizer, esta semana temos novidade, restaurante novo, o Bocca, que de si próprio diz ser "um espaço sofisticado, cosmopolita e informal". Tudo verdade, sendo que a decoração tem assinatura, a da arquitecta Sílvia Reina Costa. Cores claras, boa iluminação, mesas de boa dimensão, ao jantar bem atoalhadas de branco, ao almoço ambiente mais aligeirado pelos "chemins" acastanhados. Copos sempre à altura das circunstâncias de um restaurante que valoriza os vinhos como elemento essencial de uma refeição de alta qualidade. Só os talhares me parecem sem graça, com destaque para as facas, modelo bisturi, pouco adequadas à função, se avalio bem.
Mas o serviço de mesa e a cozinha, elementos essenciais, fazem do Bocca um restaurante recomendável. Num almoço e num jantar lá feitos na semana passada correu quase tudo bem. Muito bem, mesmo.
Ao almoço há um menu executivo a 25 euros (entrada, prato, sobremesa, bebidas não incluídas); ao jantar há uma proposta de menu de degustação para a mesa toda a 55 euros (duas entradas, prato de peixe, prato de carne, sobremesa), mais, caso se deseje, um suplemento de 25 euros para vinhos, cada um companhia para o seu prato. O couvert, três euros, inclui cesta de pães (de trigo com azeitonas pretas e com tomate seco e de broa e centeio com nozes) e azeite transmontano, mas os pães deveriam chegar à mesa tépidos.
A ementa do almoço inclui seis entradas (preços entre cinco e nove euros); três sanduíches gourmet (preços entre nove e 12 euros); um "risotto" (15 euros), uma massa a 10 euros (prato vegetariano) e outra massa (12 euros), esta com bacalhau; quatro pratos de peixe (preços entre os 14 e os 19 euros); quatro de carnes e aves (preços entre 16 e 22 euros); cinco sobremesas doces (preços entre cinco em oito euros), mais uma selecção de queijos (12 euros) e ainda uma variedade de sorvetes e de gelados.
- Nome
- Bocca
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua Rodrigo da Fonseca, 87D
- Telefone
- 213808383
- Horarios
- Terça a Sexta das 12:30 às 14:30 e das 19:30 às 23:00
Sábado das 13:00 às 15:00 e das 19:30 às 23:00
- Website
- http://www.bocca.pt
- Preço
- 45€
- Cozinha
- Autor
- Observações
- Encerrado.
- Espaço para fumadores
- Sim