Fugas - restaurantes e bares

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Mesa requintada no meio da planície

Começou-se então com o “atum ‘tunado’ com seu molho e tomate cherry da nossa herdade” (12 euros) a exibir quatro vistosas fatias de um naco tunídeo de grande qualidade, que depois de ser somente “tatuado” com as marcas da grelha a toda a volta da peça, foi “rolado” sobre sementes de sésamo branco e preto para ganhar um elemento crocante. Ao lado, o molho de tom pérola era “tunado” com um pouco de lascas do peixe, maionese e pareceu-me que com um toque de wasabi. À margem deste perfil asiático do atum, uns cubinhos de tomate e umas alcaparras carnudas davam um contraste doce salgado. Seguiu-se “uma interpretação do tradicional ‘caldo cerde’ de couve portuguesa, foie gras e lagostim da costa algarvia” (14 euros), que ao ser explicitamente anunciada (e bem), não surpreendeu pela arrojada versão que foi servida. Num prato fundo vinha uma juliana de couve branca, tipo coração, e outras verduras, com uma barrinha de escalope de foie gras (previamente salteado) a servir de pedestal ao miolo de um lagostim. Na mesa, foi servido um cremoso caldo de batata (a base da receita tradicional). O caldinho cobriu o fundo côncavo do prato, aquecendo as tiras de couve e restantes elementos, mas o vazio ao redor desta “ilha” de ingredientes meio perdidos não foi preenchido. Tanto o foie como o lagostim eram de grande qualidade, mas tinham pouco a dizer entre si e menos ainda ao emocional caldo verde, ficando o resultado a ser uma ligação inusitada de memória gustativa perene.

Dos principais veio o “borrego com polvo, tomate confitado, limão e couscous” (20 euros), onde, à semelhança do que aconteceu na entrada de “caldo verde”, o polvo e o borrego também tiveram um encontro forçado no mesmo prato. Felizmente aqui não foi obrigatório “casá-los”, resolvendo-se a coisa com furtivo “olá!” atirado à distância, pois os pequenos troços de polvo cozido (muito bom) pousados sobre as lascas de tomate que volteavam o prato podiam ser apreciados a solo e só depois se atacar o excelente e refrescante couscous de limão encimado com legumes salteados (cenoura, curgete, nabo, brócolos). O prazer cárneo veio através da óptima dupla de costeletas de borrego, ligeiramente rosadas e muito saborosas. O pico da refeição foi o “risotto de cevada com secreto de porco Preto D.O.P., legumes da herdade e alperce confitado” (20 euros), que eram grãos de “cevadinha” cozidos num caldo de legumes e servidos cremosos. Aqui a designação de risotto serve mais de bengala para “vender” uma guarnição pouco conhecida do que para valorizar o resultado. Sobre a cevada disposta ao comprido vinha um excelente “secreto” de porco alentejano, enrolado tipo charuto, a manter a humidade interior e sem excessos de gordura, com um primoroso molho demi-glace. Pontas de espargos e um apontamento fresco de uvas brancas completavam o prato onde o anunciado alperce esteve omisso.

Igualmente muito bem a parte das sobremesas com o “struddel de arroz doce com maçã e gelado de canela” (8 euros) a surtir numa estaladiça trouxa de massa filo servida morna e recheada com o arroz cremoso de sabor a baunilha, misturado com pedaços de doce de maçã. Muito agradável, mas talvez um pouco pesado para a época, mesmo trazendo um bom gelado de canela. A puxar pelos sabores de Verão estava a saborosa “trilogia de citrinos da nossa horta” (10 euros), com um macaron recheado de doce de laranja, uma mousse de tangerina e uma espécie de tarte de limão “merengada” servida num copinho de vidro.

Nome
Herdade da Malhadinha Nova
Local
Beja, Albernoa, IP2, Km 371
Telefone
284952210
Horarios
Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:30 às 15:00 e das 19:30 às 22:00
Website
http://www.malhadinhanova.pt/
Preço
50€
Cozinha
Autor
Música
Hard Rock
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