Num magnífico livro que publicaram, na Bertrand, em Outubro de 2009, que tem por título o nome do restaurante encimado pela expressão "cozinha experimental", explicam que "o conceito de Cozinha Experimental da 2780 Taberna inova, fundindo produtos e ingredientes (quase na sua totalidade portugueses) de diferentes regiões para criar novas receitas e novos sabores". "Ao mesmo tempo, através de investigação histórica, pesquisamos receitas antigas para recuperar sabores perdidos. A influência internacional, principalmente catalã e italiana, nota-se na forma de apresentar e confeccionar os pratos e também no serviço descontraído e familiar que oferece aos seus clientes."
Dada a teoria, passemos à prática. Na semana em que jantei da 2780 Taberna, foi assim. Comecemos pelos pães, cozidos na casa e foram focacia, da fininha e estaladiça, de azeite com flor de sal e alecrim; pão irlandês de Guinness, tão escuro como a cerveja e muito saboroso, e um outro, massa a lembrar a do brioche, com chouriço, um trio que satisfaz muito, tanto mais que há manteiga de alho e azeite da variedade Azal para ensopar. Intróito prometedor. Abriu-se a primeira 3 Bagos Branco 2009 (14 euros), dos Lavradores da Feitoria, um vinho modesto, porém equilibrado, de aromas frutados e boca fresca, apetitoso.
E partiu-se para o primeiro prato: "Sopa de rabo de boi, pastel do mesmo e compota de malaguetas", esta servida à parte, pois há paladares mais sensíveis, por isso nunca se sabe. A sopa, um creme fino nada contundente, suave, no qual mergulhava, mas só uma parte, o pastel recheado com as febras desfiadinhas do rabo do boi, massa a lembrar a dos pastéis de massa tenra, aposta ganha. Seguiu-se a "terrina de várias partes do bacalhau com grão de bico", uma fatia bem ligada e gelatinosa, fiel amiga, de samos e línguas, bem cozidinhas, a rodear um bocado de ova do gadídeo, composição servida na companhia de gravanço macio, coisa boa. Insistimos no 3 Bagos Branco, que não se negou e também aceitou, festivo, o excelente "atum com feijão frade". Não se precipitem, que os da 2780 Taberna não são dos que baixam o nível. Nem pensem que se trata de uma salada de feijão-frade com atum de lata. Nada disso. Atum fresco, só marcado na chapa, por isso chorumoso, e o feijão-frade, sendo-o, é uma das formas mais originais e saborosas de o servir: acarajé. Trata-se de um frito muito popular da cozinha afro-brasileira, que, quem já foi à Bahia, já o há-de ter visto a ser cozinhado ao ar livre pelas baianas anafadas e risonhas: massa de feijão-frade, cebola e sal e fritura em azeite de dendê e que é servido com um molho de malagueta. O do restaurante de Oeiras não me parece ser frito em dendê, não é servido com picante, que poderia arruinar o sabor do atum, mas é estaladiço e muito bom.
- Nome
- 2780 Taberna
- Local
- Oeiras, Oeiras e São Julião da Barra, Avenida Carlos Silva, 9C
- Telefone
- 210998700
- Horarios
- Terça a Sábado das 20:00 às 00:00
- Website
- http://www.2780taberna.com
- Preço
- 26.50€
- Cozinha
- Autor
- Espaço para fumadores
- Não