Fugas - restaurantes e bares

  • Miguel Manso
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«As Vicentinas» estão como novas. O espírito é o de sempre


O convento do chá

Sendo esta "uma casa marcadamente religiosa", como Rita sublinha, é também "aberta a toda a gente. "Não é um espaço para evangelizar ninguém", resume, ciente de que muita gente continua, mesmo com esta nova vida, a pensar que é gerida por freiras. Nada disso, são leigas, voluntárias e/ou profissionais, sem nada de vida conventual. "Até há roteiros estrangeiros que nos aconselham, apresentando-nos como parte de um mosteiro...". Faz tudo parte da lenda. 

Neste salão rústico, de facto quase conventual, as paredes rugosas guardam sinais e ícones cristãos. "Roma", "Amor", lê-se em dois quadros. Há paredes decoradas com citações da Bíblia, outras com santos e imagens religiosas, o presépio permanece em exposição o ano inteiro, nas mesas há orações ("mas quem quer lê, quem não quer não lê", diz logo Rita). "Sei que temos pessoas que vêm cá e não são crentes mas que se sentem bem neste espaço de amor e alegria".

Pela casa, recantos e mesas para lanches ou refeições mais ou menos íntimas. Uma das grandes novidades da nova Vicentinas (como a casa continua, e decerto continuará a ser conhecida) é precisamente a oferta de refeições. Há almoços, jantares para grupos e até se pode ir buscar comida para levar para casa ou fazer encomendas. "Tudo caseiro e feito cá", sublinha Rita. Na cozinha, manda agora a jovem "chef" Mariana Rosado, que fez a escola de hotelaria. 

"As pessoas procuram o espaço pela qualidade dos scones e do resto, mas procuram-nos sobretudo porque somos um espaço diferente na restauração, não queremos ser ‘um' restaurante", diz-nos Rita. É que, como sublinha, "todos os lucros revertem para obras da paróquia": o trabalho da obra vicentina no apoio a idosos e famílias, as "colaborações com o banco alimentar, as comparticipações de remédios" e outras ajudas.

Um dos projectos apoiados directamente é a Ceia de Santa Isabel, que, duas vezes por semana oferece refeições a pessoas carenciadas, famílias e idosos - e, na verdade, a qualquer pessoa -, como "num restaurante normal". "As pessoas entram e sentam-se à mesa com toda a dignidade. Por vezes, os voluntários fazem companhia e conversam com quem está mais sozinho". Os voluntários servem à mesa, lavam a loiça, cozinham. Um projecto que "não é apenas alimentar, é também para combater a solidão, fazer comunidade, ajudar na crise", um projecto feito de "calor humano" como, aliás, é a própria casa de chá d' "As Vicentinas".

Aqui, o trabalho voluntário alia-se ao trabalho profissional - como aliás sempre aconteceu. Além de voluntários, "a casa precisa de empregados, porque há serviços que é preciso manter, há leis a cumprir e é essencial ter pessoas qualificadas e certificadas", lembra. Mas, no fundo, cada colaborador dá um pouco mais de si. "Ainda na sexta, trabalhámos umas 18 horas para organizar um jantar de grupo. Digamos que metade foi trabalho, metade foi voluntário, é sempre assim". "O voluntariado é bom, a boa vontade é fantástica. Mas depois precisamos também de ter técnica. Hoje em dia, o voluntariado só por si já não basta". Por isso mesmo, estabeleceram uma parceira com a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e o Hotel da Estrela, que "vêm dar formação aos voluntários e empregados". Até o menu, sinal dos tempos, "foi revisto por um chef, que fez ‘engenharia de carta'".

Nome
Casa de Chá de Santa Isabel (Vicentinas)
Local
Lisboa, Lisboa, Rua de São Bento, 700
Telefone
213887040
Horarios
Segunda a Sexta das 11:30 às 19:00
Sábado das 16:00 às 20:00
Website
http://www.casadecha.org
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