O convento do chá
Sendo esta "uma casa marcadamente religiosa", como Rita sublinha, é também "aberta a toda a gente. "Não é um espaço para evangelizar ninguém", resume, ciente de que muita gente continua, mesmo com esta nova vida, a pensar que é gerida por freiras. Nada disso, são leigas, voluntárias e/ou profissionais, sem nada de vida conventual. "Até há roteiros estrangeiros que nos aconselham, apresentando-nos como parte de um mosteiro...". Faz tudo parte da lenda.
Neste salão rústico, de facto quase conventual, as paredes rugosas guardam sinais e ícones cristãos. "Roma", "Amor", lê-se em dois quadros. Há paredes decoradas com citações da Bíblia, outras com santos e imagens religiosas, o presépio permanece em exposição o ano inteiro, nas mesas há orações ("mas quem quer lê, quem não quer não lê", diz logo Rita). "Sei que temos pessoas que vêm cá e não são crentes mas que se sentem bem neste espaço de amor e alegria".
Pela casa, recantos e mesas para lanches ou refeições mais ou menos íntimas. Uma das grandes novidades da nova Vicentinas (como a casa continua, e decerto continuará a ser conhecida) é precisamente a oferta de refeições. Há almoços, jantares para grupos e até se pode ir buscar comida para levar para casa ou fazer encomendas. "Tudo caseiro e feito cá", sublinha Rita. Na cozinha, manda agora a jovem "chef" Mariana Rosado, que fez a escola de hotelaria.
"As pessoas procuram o espaço pela qualidade dos scones e do resto, mas procuram-nos sobretudo porque somos um espaço diferente na restauração, não queremos ser ‘um' restaurante", diz-nos Rita. É que, como sublinha, "todos os lucros revertem para obras da paróquia": o trabalho da obra vicentina no apoio a idosos e famílias, as "colaborações com o banco alimentar, as comparticipações de remédios" e outras ajudas.
Um dos projectos apoiados directamente é a Ceia de Santa Isabel, que, duas vezes por semana oferece refeições a pessoas carenciadas, famílias e idosos - e, na verdade, a qualquer pessoa -, como "num restaurante normal". "As pessoas entram e sentam-se à mesa com toda a dignidade. Por vezes, os voluntários fazem companhia e conversam com quem está mais sozinho". Os voluntários servem à mesa, lavam a loiça, cozinham. Um projecto que "não é apenas alimentar, é também para combater a solidão, fazer comunidade, ajudar na crise", um projecto feito de "calor humano" como, aliás, é a própria casa de chá d' "As Vicentinas".
Aqui, o trabalho voluntário alia-se ao trabalho profissional - como aliás sempre aconteceu. Além de voluntários, "a casa precisa de empregados, porque há serviços que é preciso manter, há leis a cumprir e é essencial ter pessoas qualificadas e certificadas", lembra. Mas, no fundo, cada colaborador dá um pouco mais de si. "Ainda na sexta, trabalhámos umas 18 horas para organizar um jantar de grupo. Digamos que metade foi trabalho, metade foi voluntário, é sempre assim". "O voluntariado é bom, a boa vontade é fantástica. Mas depois precisamos também de ter técnica. Hoje em dia, o voluntariado só por si já não basta". Por isso mesmo, estabeleceram uma parceira com a Escola de Hotelaria e Turismo de Lisboa e o Hotel da Estrela, que "vêm dar formação aos voluntários e empregados". Até o menu, sinal dos tempos, "foi revisto por um chef, que fez ‘engenharia de carta'".
- Nome
- Casa de Chá de Santa Isabel (Vicentinas)
- Local
- Lisboa, Lisboa, Rua de São Bento, 700
- Telefone
- 213887040
- Horarios
- Segunda a Sexta das 11:30 às 19:00
Sábado das 16:00 às 20:00
- Website
- http://www.casadecha.org