Fugas - restaurantes e bares

Paulo Pimenta

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Buhle - Mixology Bar

E se os cocktails são as estrelas deste Mixology Bar, são seguidos de perto por um séquito de actores não muito secundários. Pedro Sá Pereira aponta para 300 as bebidas ali servidas, que nos levam numa pequena volta ao mundo dos prazeres mais ou menos alcoólicos. Nos whiskies percorremos inevitavelmente a Escócia e a Irlanda, passamos pelos Estados Unidos (bourbon e rye), Canadá e Japão - para verdadeiros apreciadores, há um Glen Grant Rare Vintage 56 ou um emblemático Macallan 18; com as vodkas viajamos pela Rússia (sim, também há Stolichnaya), Suécia, Dinamarca, Polónia, Nova Zelândia e Estados Unidos; e descobrimos que Cohiba também é nome de rum - jamaicano, que acompanha os de Cuba, Martinica, Trinidad, Barbados e Inglaterra. Há cognac Remy Martin Louis XIII, grappa e licores em união de países - e a lista continua com preços para todas as carteiras.

Não é, portanto, um cocktail bar "normal", nem sequer um bar normal, como se percebe logo à entrada. Antes mesmo, enquanto percorremos a escadaria exterior, um ritual de ângulos rectos entre pequenas porções relvadas com duas melaleucas como sentinelas junto ao muro que dá para a Avenida de Montevideu. O mar ouve-se do outro lado, mas enquanto subimos estamos quase num jardim japonês e no topo temos um edifício irrepreensivelmente moderno, modular, feito de vidro e madeira. Entramos para um ambiente sereno, de luzes secretas e tapetes fundos. O balcão onde Mário Quirino faz as suas "poções mágicas" está mesmo aqui - e daqui a algum tempo haverá bancos para quem se quiser deixar ficar "mais descontraído"- , e uma parede de espelhos separa-nos da tal sala de estar.

As luzes aqui baixam consideravelmente, é tudo penumbra, reflexos e murmúrios, enquanto a música corre suave no fundo, entre as poucas mesas de madeira clara. E sofisticado, discreto (com a assinatura de Paulo Lobo), começando pelas cores, cruas e escuras. Os reposteiros estão abertos e, com a iluminação indirecta vinda de quatro grandes candeeiros de pé em cada esquina e alguns focos no chão, o vidro que é a parede é um misto de espelho. Replica-se a sala, pequena, e distingue-se o exterior: o lago comprido e estreito marginado por bambus, o terraço que parece um deck abrigado pelo edifício (agora com as lareiras desligadas e o mobiliário cilíndrico abrigado das intempéries), e o resto do edifício (um rectângulo sem um dos lados).

Com os jogos de vidros, a noite no Buhle desconstrói-se em mil matizes de luz que brincam com todos os elementos. E é também à noite que, no Mixology Bar, à sexta e sábado, DJ residentes asseguram que nunca falta música - do jazz ao house, depende do que a sala "dita". "Nenhuma noite é igual à outra", afirma Pedro Sá Pereira. E a mesma noite pode vestir rostos diferentes, porque "os públicos misturam-se". Mas não podemos esquecer que o Buhle é "essencialmente um restaurante". "A música é importante, para criar ambiente e conforto para um momento de excelência, mas nunca será uma âncora", confessa Sá Pereira. E o Mixology Bar nunca será completamente independente. Na verdade, a partir das 20h00 está como que reservado para os clientes do restaurante, que cada vez mais aproveitam para ali tomar um aperitivo. Até às 20h00 tem acesso "livre" e é ao final da tarde que ganha vida, sobretudo no Verão, com a esplanada, e os mojitos, margueritas e caipirinhas a saírem.

Nome
Buhle - Mixology Bar
Local
Porto, Porto, Avenida de Montevideu, 810
Telefone
220109929
Horarios
Segunda a Quinta das 12:00 às 01:00
Sexta das 12:00 às 02:00
Sábado das 13:00 às 02:00
Domingo das 13:00 às 01:00
Website
http://www.buhle.pt
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