Fugas - restaurantes e bares

Melanie Maps

Paixa, ou o requinte da petisqueira algarvia

Por David Lopes Ramos ,

O Paixa, que herdou o melhor que tinha a famosa Casa Paixanito, ou seja, a sua oferta de petiscos algarvios, é um restaurante obrigatório para quem gosta de comer e beber bem em ambiente requintado. O nosso crítico, jantou lá recentemente e ficou cliente.
Chamou-se, nos anos 1990 e seguintes, Casa Paixanito, que crismei como "taberna erudita"nas páginas deste jornal, por, à época, ter uma ementa com mais de 20 petiscos frios e quentes, mais quatro pratos, dois de peixe e outros tantos de carne, quase todos da cozinha regional portuguesa. E por ter começado por ser, muito tempo antes, a taberna do avô Paixanito (a casa do senhor Paixão), que ficava na Campina de Cima, que depois mudou o nome para Olho de Água, e se localizava no lado direito da estrada que liga Loulé a Querença.

A Casa Paixanito era asseada, decorada com gosto, tinha mesas bem aparelhadas, uma carta de vinhos não muito grande mas bem escolhida, serviço gentil, atento e prestável e uma cozinha saborosa e orgulhosa da sua condição algarvia.

O lugar tornou-se merecidamente famoso. Há uns dois anos, a Casa Paixanito fechou, mudou-se para Quadradinhos, paredes meias com Vale do Lobo, passou a chamar-se Paixa e, penso que com orgulho, manteve, na cozinha, a matriz da casa fundadora: petiscos, agora mais de 40, em geral muito saborosos e, na sua grande maioria, muito algarvios.

No resto, melhorou muito: a sala de jantar, que se pode prolongar para o jardim quando o tempo está propício, é muito mais ampla e de um bom gosto notável; as mesas, a boa distância umas das outras, são grandes e muito bem ataviadas, o balcão/bar é dos que convidam a que nos sentemos, a garrafeira climatizada, à entrada do restaurante do lado direito, é do mais moderno que se pode encontrar no nosso país. Só a iluminação artificial é escassa, mas tal parece estar na moda e a mim não me convence. No dia 14 de Setembro, acompanhado, jantei no Paixa. E bem.

Aos almoços, que só não são servidos durante a época alta (15 de Julho a 15 de Setembro), há uma ementa para apetites moderados, embora se possa sempre optar pela grande petisqueira; aos jantares, é esta quem vive.

Começaram por chegar à mesa os tremoços, uma homenagem à memória da taberna do avô Paixanito, mais umas azeitonas temperadas, azeite e pão do bom e uma compota doce. Depois, e a pedido, desfilaram carapaus alimados, só os filetes sem peles nem espinhas, que não teriam desmerecido caso tivessem passado mais algum tempo no sal; os estaladiços torresmos do rissol (unto das tripas do reco); uma lula fresca de bom tamanho recheada e estufada com competência; uns excelentes paté de fígado de pato e terrina do chefe, de confecção própria, nada de enlatados como por vezes acontece; um xerém de berbigão e camarão, bom, embora goste dele mais caldoso e penso que o camarão não acrescenta nada às papas de milho que ficam muito bem com bivalves ou, também, com uns torresmos: umas empadinhas de galinha muito boas, assim como uns pastelinhos de massa tenra com recheio de vitela; um original e muito saboros croquete de rabo de boi, com o recheio amostardado; e uns ovos de codorniz estrelados com linguiça sem mácula. Beberam-se dois brancos algarvios: o muito fresco e frutado Barranco Longo Escolha 2009 e o mais austero Quinta dos Vales 2009, boas relações qualidade/preço.

Nome
Paixa
Local
Loulé, Almancil, Quadradinhos, Lote 52
Telefone
289394699
Horarios
Segunda a Sábado das 12:00 às 23:30
Todos os dias das 19:00 às 00:30
Website
http://www.paixarestaurante.com
Preço
30€
Cozinha
Petiscos
Espaço para fumadores
Não
--%>