É final da tarde, dizíamos, e este é um horário que a Casa da Baixa quer vestir bem. E à boleia do vinho a copo (com canapés e tapas, cada vez mais elaboradas): os estrangeiros já o fazem - beber um copo de vinho ao final do dia, antes do jantar - e os portugueses começam a seguir-lhes os passos. "Muitas vezes enquanto esperam por mesa num restaurante da vizinhança", para o aperitivo. E, apesar de apenas à sexta e ao sábado ousar entrar em terrenos noctívagos, a Casa da Baixa também quer ser o sítio para "o café e o primeiro copo". "E segundo, e terceiro". "Queremos muito trabalhar este período", confessa o responsável. Isso irá acontecendo gradualmente, à medida que o calor chegar: primeiro virá a quinta-feira e depois ir-se-á avaliando.
E falamos do clima porque aqui essa não é uma questão de somenos. Quando dizemos que a Casa da Baixa se quer abrir à rua deveríamos dizer integrar na rua - é (mais) fora de portas que a Casa da Baixa vive noite dentro. Vem novamente a questão (incontornável) da exiguidade do espaço. Se não, vejamos: sítios para sentar há sete (que podem aumentar para nove), todos ao balcão (balcões, para sermos mais exactos). E não é (só) questão de estilo, embora diga Luís Miguel Soares que um bar é local para se estar de pé. Pode ser "acolhedor e simpático", com música em volumes aceitáveis para a convivialidade, mas realmente é um "espaço não habitável pelo corpo mas pelos olhos".
Pelo menos por enquanto. Porque, realmente, há mais espaço, uma ala nas traseiras depois do vão de escadas que espreita por cima das paredes, mas ainda está em bruto. Ou seja, não foi recuperado. Um dia será - ou não. "Work in progress" diz-nos o proprietário; tudo pode acontecer, já sabemos.
Para já, o make over foi total. Comentámos o tamanho exíguo e Luís Miguel Soares responde prontamente. "Havia de ver antes". Antes era o mesmo espaço, mas sem "artifícios" - o óbvio, espelhos (escurecidos, "para não ficar com ar de pastelaria") nas paredes: uma é quase integralmente espelhada, do outro lado, o canto que fica fora do balcão também o é. O vidro, na verdade, está por todo o lado: a frontaria também é vidro, o mesmo se passa com o balcão - e há ainda a vitrina das comidas. Depois há o inox dos equipamentos de bar e a madeira, pintada sobretudo, mas em bruto por exemplo nos bancos altos nos tabuleiros amovíveis que se alinham durante o dia no balcão para desaparecem pela noite.
O espaço é discreto, neutro na sua cor cinza clara com os únicos toques de cor a serem os candeeiros vermelhos que se alinham sobre o balcão - o principal, que ocupa a parte de leão do espaço e o que corre a fachada envidraçada (visto de fora, é este vermelho que lhe dá um ar acolhedor quando a noite assenta arraiais). E o toque de charme mais visível são as portadas antigas de madeira reaproveitadas como decoração na parede do fundo - "uma maneira de trazer a cidade para dentro e preservar a memória histórica e emocional" deste e dos outros edifícios da Baixa portuense, um século de idade ou para lá a caminhar a passos largos.
- Nome
- Casa da Baixa
- Local
- Porto, Porto, Rua de Santa Teresa, 4
- Telefone
- 228328504
- Horarios
- Segunda a Quinta das 08:30 às 19:00
Sexta das 08:30 às 03:00
Sábado das 09:30 às 03:00
- Website
- http://casadabaixa.com