Há altas noites na Baixa graças à Idade Média
Erga o seu copinho de Peste Negra enquanto ouve uns Roncos do Diabo e deixe-se levar pela nova boémia medieval proposta por estes Trobadores em plena Baixa de Lisboa. Em zona pouco dada à animação nocturna, esta recente casa, sob o espírito de taberna medieval, foi buscar ideias a um passado - que curiosamente ainda não era explorado como conceito em bares alfacinhas, ao contrário do que sucede um pouco pelo mundo fora - para dar mais vida ao centro pombalino. Uma sala onde se recria a época dos trovadores e onde tudo foi construído propositadamente para garantir veracidade e solidez, espírito de camaradagem incluído.
Nem de propósito, o Trobadores nasce graças à iniciativa de quatro amigos de longa data. "O Ricardo [Frade] abordou-nos com esta ideia de uma taberna medieval", "começámos a investigar", a "explorar um pouco o conceito de uma taberna", "até a ver filmes onde se sente esse imaginário", casos do Robin Hood ou mesmo d'' O Senhor dos Anéis, conta-nos, enquanto a banda sonora vai lançando cantares e gaitas-de-foles, Frederico Pinheiro, arquitecto e o grande responsável pela recriação do espaço, além do desenho de quase tudo o que por aqui se vê.
A arquitectura pombalina desta antiga loja adaptou-se na perfeição ao tempo dos trovadores e o espaço é todo ele uma conjunção de madeiras fortíssimas, pedra e metal, "praticamente tudo é artesanato e criado de propósito para aqui", sublinha. "Queríamos fazer uma coisa diferente, tem todo o sentido existir em Lisboa, uma cidade com grande história medieval e onde até agora não havia nada assim", explica. As paredes são protegidas a madeira escura e bancos corridos, as mesas e cadeiras são quase mais pesadas que a própria Idade Média, o balcão de bar é de uma solidez à prova de druidas, todos os sinais das estruturas da modernidade (fios, colunas de som, câmaras, Internet e TV, etc.) estão bem resguardados. "Até queríamos esconder os extintores, mas não nos deixaram", brinca Frederico.
Pormenor a pormenor, nada escapou ao dedo medievo e a decoração ainda se complementa com peles, tochas e candeeiros de tecto ou espadas recriados segundo a época. Há outras jóias da decoração, como um velho decantador de vinho que veio dos avós de Ricardo ou almofarizes e, acima de tudo, uns já famosos chifres, "vindos da Alemanha", por onde se pode beber cerveja para melhor embeber-se deste passado. E para o conjunto ser mais completo, as fardas "medievais" dos empregados, baseadas em algumas inspirações, foram também criadas de propósito para aqui.
O ambiente é sublinhado pela música e concertos ao vivo relacionados com a temática (à sexta à noite, há sempre um), embora "sem excessos", já que tanto se pode ir do tradicional português e música de influências celtas ao pop e rock. Naturalmente, as propostas das ementas seguem a filosofia da casa: sem grande espaço para cozinha, as rainhas são as bebidas (a carta divide-se em seis páginas e meia para os etílicos, meia página para os petiscos). Por aqui, podem saborear-se "bebidas dos deuses", o que inclui hidromel e zimbromel ou uma grande variedade de licores regionais, fruto de uma pesquisa contínua e passeios por feiras medievais e tradicionais: "Vamos encontrando coisas por aí, trazemos e propomos aos clientes, vamos sugerindo, conversando, vendo as reacções." É assim que tanto se pode beber o famoso "Licor de Merda", como o dos Monges (premiado recentemente no festival de Alcobaça), ou já esteve disponível um licor de bolota descoberto em Cáceres e bem baptizado de Beso Extremeño.
- Nome
- Trobadores
- Local
- Lisboa, Santa Justa, Rua de São Julião, 27
- Telefone
- 218850329
- Horarios
- Segunda a Quinta das 17:00 às 02:00
Sexta e Sábado das 17:00 às 04:00