Fugas - restaurantes e bares

  • José Carlos Farinha

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Um Viajante a leste, no paraíso


A leste, tudo de novo

Estas viagens de descoberta de várias gastronomias trouxeram experiência à sua cozinha, diz Mendes, "mas também memórias: a cozinha do Viajante não é uma cozinha portuguesa ou inglesa, é precisamente a cozinha do viajante". "Essas experiências todas estão muito marcadas na minha cozinha, que são um reflexo do que eu sou."

O que é que pode ser alentejano ou totalmente asiático quando comemos no Viajante? "O uso do pão, por exemplo, é extremamente alentejano, é um ingrediente que uso bastante, o pão na cozinha. A mistura do mar e da terra é uma coisa muito portuguesa também. Aqui a carta está sempre a mudar, mas é um menu do mar (e campo), com um toque citadino porque é também um reflexo de onde estamos. É um apanhado do que eu sou, do sítio onde estamos e das experiências que vivi. O uso do peixe é, de facto, uma coisa muito portuguesa, mas a forma de tratar o peixe pode ser japonesa ou asiática, servindo o peixe de uma forma quase crua, por exemplo. Deixar o produto o mais natural possível."

Nuno Mendes foi um viajante à volta do mundo mas foi na capital britânica que decidiu assentar. Mas não é bem Londres; é uma Londres muito particular: o leste. A sua cozinha, diz, tem a ver com "East London". "É cosmopolita, multicultural, artística, tem um aspecto poliglota. Mas também jovem e divertida." Bethnal Green pode não dizer muito ao turista português que conhece a Londres do Buckingham Palace, do Big Ben, do London Eye ou do Parlamento, mas para um londrino o Leste pode muito bem ser a quintessência da cidade.

No século XIX, de Whitechapel para lá era quase tudo favela. Mas é aqui que se concentram as comunidades imigrantes durante todo o século XX, judeus em Liverpool Street e Aldgate, paquistaneses, indianos e bengaleses em Brick Lane, caraíbas e anglo-africanos em Hackney. Hoje, no Leste, zonas como Hoxton, Shoreditch, Hackney e Bethnal Green são o coração da Londres multicultural, onde pequenos restaurantes que servem aromáticos caris alternam com cafés boémios frequentados pelos tipos criativos da cidade - designers, artistas, músicos, jovens hipsters que transformaram uma zona impermeável de Londres no lugar onde toda a gente quer estar.

Clientes gourmet atravessam a cidade para vir ao Viajante. Nuno Mendes explica: "É um restaurante de destino. Mas também há muita gente daqui, do mundo artístico desta zona." O Viajante é um restaurante fora dos roteiros turísticos, longe do elitismo do Mayfair ou de Chelsea, é "muito mais real", diz Mendes. Do Bacchus até ao Loft, os restaurantes por onde tem passado "têm sido muito característicos" da zona onde estão. No Viajante, Mendes quis fazer um restaurante "que reflectisse a maneira" como vê a gastronomia moderna. "Enquadra-se bem com a zona: tem um lado artístico, inspira as pessoas, mas ao mesmo tempo é informal, é diferente do habitual, é jovem, arrisca. Adiciona algo à cena gastronómica de Londres mas está enquadrado."


Como em nossa casa

No fundo, o Viajante é uma continuação do projecto anterior do chefe português, o Loft. Os supper-clubs são restaurantes privados onde um chefe (conhecido ou não) convida um reduzido número de pessoas para sua casa. Não são exclusivos, qualquer pessoa pode ir, desde que se disponha a pagar (em alguns casos, como o Loft, pode chegar às 100 libras) e a ter paciência com a lista de espera.

Nome
Restaurante Viajante
Local
Estrangeiro, Grã-Bretanha, Londres E2 9NF - Patriot Square (Bethnal Green)
Telefone
+442078710461
Cozinha
Autor
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