Fugas - restaurantes e bares

  • José Carlos Farinha

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Um Viajante a leste, no paraíso

Hoje o Loft é uma espécie de "galeria para cozinheiros", explica Nuno Mendes. "Devido ao sucesso que tivemos, queria dar oportunidade a outros cozinheiros de se expressarem da mesma maneira, de criarem, naquele espaço, e depois apresentarem as suas criações." É uma espécie de residência artística para cozinheiros. "Por isso lhe chamo uma galeria para cozinheiros, é uma galeria de arte para chefes, o que se expõe é a cozinha e, de cada vez, um chefe diferente."

O Loft desmistificou a ideia de que a alta cozinha é inacessível ao comum dos mortais: "Aqui não há elite, toda a gente pode vir." É o mesmo com o Viajante, apesar de o preço médio por refeição rondar as 80 libras (sem bebida). Mas a estrela Michelin vem mudar alguma coisa? A longo prazo será bom, explica o chefe, trará mais clientela. "É um reconhecimento importante, mas nunca foi o nosso objectivo chegar aí. A ideia, desde que começámos, foi apresentar um restaurante um pouco diferente, fiel ao estilo de cozinha que fazemos. Recebemos uma estrela, o que nos dá mais força e segurança para continuarmos o que estamos a fazer, e dá-nos aceitação do público em geral. Os nossos clientes gostam do que fazemos e, a pouco e pouco, estamos a ganhar um grupo de seguidores."

Nuno Mendes é cauteloso com as expectativas levantadas pela atribuição da estrela Michelin e afirma que não quer sucumbir ao "estrelato" do guia pondo em causa o conceito original do Viajante: "Há certas expectativas de um restaurante Michelin que não fazem necessariamente parte do nosso conceito. O nosso serviço, por exemplo, é muito informal, por escolha, porque é assim que gostamos de fazer as coisas. É um serviço mais descontraído e não tem aquela formalidade de outros restaurantes." É isso que os clientes apreciam no Viajante. E porque a cozinha é aberta, explica o chefe, é como se este restaurante fosse um prolongamento do Loft. O objectivo do Viajante foi agarrar na essência do Loft e trazê-la para um restaurante sem perder a sua personalidade. "Depois de ganhar intimidade com os meus clientes, quando vinham a minha casa, era muito difícil criar uma parede entre mim e eles." Por isso, os chefes vão à sala falar com os clientes. "É como se eles estivessem praticamente em nossa casa."


A beleza dos ingredientes

Mas em nossa casa o jantar não começa com uma "explosão tailandesa" (um pequeno cubo de pele de galinha crocante recheado de confit de galinha picante à tailandesa). É uma verdadeira explosão cremosa na boca que contrasta com o crocante da pele de forma sublime, que a Fugas acompanhou com um copo do branco Parés Baltà "Blanc de Pacs" (2010), recomendado pelo chefe.

Noutro prato, com precisa atenção ao detalhe, "vieiras com tiras de cenoura (crua e em pickle) e pó de mostarda". O chefe verte um molho de agrião e recomenda misturar, com a colher, o pó de mostarda com o líquido. O verde do agrião explode de amarelo quando toca no pó de mostarda e, na boca, o molho quase gelado contrasta com a suavidade da vieira e o doce ligeiro da cenoura.

Nome
Restaurante Viajante
Local
Estrangeiro, Grã-Bretanha, Londres E2 9NF - Patriot Square (Bethnal Green)
Telefone
+442078710461
Cozinha
Autor
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