Fugas - restaurantes e bares

Fernando Veludo/Nfactos

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O Book do Porto é como um livro aberto

E este "local de montra", portanto, atrai quem passa, isso já é claro. Durante a tarde o movimento exploratório é habitual, sobretudo de turistas (e estes são declaradamente um público-alvo importante aqui) - e até há tentativas, goradas, de fazer reservas (não são aceites, tudo se processa por ordem de chegada). "É o que me acontece lá fora", nota José Pedro, sublinhando a faceta "internacional" do Book, um espaço que "acredita no aumento do turismo da cidade e de moradores no centro por todo o movimento de reabilitação que se vive".

Há uma discrição quase escolástica na fachada, por estes dias manchada por um cordão vermelho que delimita a entrada e lhe empresta uma aura de exclusividade (que não parece consentânea com o espaço descomprometido que pretende ser). No toldo, o nome Book surge em letras elegantes, na montra, um reclame que é uma faixa amarela com letras vermelhas (luminoso quando a noite se põe) é memória arqueológica: "Artigos de escritório, trabalhos tipográficos, encadernação". Os menus em exposição têm livros dentro e entram pelos livros (são entregues dentro deles).

Na entrada, parede de tijolos brancos, uma bifurcação: o restaurante abre-se à esquerda, o bar à direita - e para ele temos vista privilegiada, no topo de uma mini-escadaria. É pequeno o espaço que se abre um nível abaixo da rua - das ruas, porque está numa esquina e as janelas-montras são como remates -, à primeira vista com uma certa atmosfera de sala-biblioteca de casa antiga (elementos que aí seriam pouco comuns pese a intenção literária - as capas de livros que pendem do tecto, aqui em pé direito altíssimo): a madeira está no chão, no balcão, na estante que acompanha toda uma parede.

No entanto, não há nada de solene, há uma irreprimível contemporaneidade na decoração, até no piscar de olhos retro evidente no móvel antigo do rádio (ele está lá, mas não funciona - o que funciona é o amplificador, ligado à mesa de misturas, porque este é um discreto "canto" para os DJ de serviço) e nos cadeirões de cabedal e madeira de aspecto convenientemente gasto e a condizer com os bancos altos do balcão.

E a sublinhar o ar dos tempos que correm, o betão ostentado numa parede joga com a madeira em síntese bem moderna: a crueza e dureza do primeiro, material eminentemente urbano, em oposição (complementar) com o conforto e a familiaridade da segunda, material mais dado a ambientes privados. O que poderia, portanto, parecer um espaço quase caseiro torna-se obviamente público. Sem, contudo, perder o intimismo, que é sublinhado pelas luzes filtradas de dois candeeiros de pé (abat-jours XL) e pelo "recheio" da estante, ecléctico q.b. (livros, "ilhas" de garrafas deitadas, caixas, outro rádio antigo - e sapatos, estes em exposição como se numa montra estivessem), e não se deixa apagar pelas declinações luminosas na parede de betão por detrás do balcão, que faz as vezes de estante e onde a suavidade da iluminação se desfaz num caleidoscópio quando embate nas garrafas.

Foi para este ambiente, onde a música chill out, lounge, com jazz à mistura, é constante, mas servida por DJ ao fim-de-semana entre as 21h e a 1h, que Mário desenvolveu, por exemplo, duas sangrias que "fogem da tradicional" e que não se encontram no 22, o irmão do Book mais vocacionado para vinhos e suas derivações (e agora também o sushi, mas essa é outra história). Assim, além da sangria normal (vinho tinto e frutos vermelhos), Mário criou uma de líchias e maçã (base branca e de espumante) e outra de pepino e uvas (base de rosé).

Nome
Book
Local
Porto, Vitória, Rua de Aviz, 10
Telefone
917953387
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 15:00 e das 19:30 às 02:00
Website
http://www.restaurante-book.com
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