Fugas - restaurantes e bares

  • Rita Chantre
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O novo fado do Povo

Por Mauro Gonçalves ,

Cinco anos depois e a dois passos da sua “caixa de música”, os mentores do MusicBox apresentam novo espaço agora no formato tasca/bar. Lisboeta de alma e ao sabor do improviso, o Povo quer ser espaço de conversa e laboratório de fado e outros sons enquanto serve petiscos tradicionais.

"Quisemos ter um espaço complementar, que fosse um sítio onde se pudesse conversar, um espaço de tertúlia e de um convívio mais sossegado", resume à Fugas Gonçalo Riscado, director da Cultural Trend Lisbon (CTL), que gere o MusicBox e outros projectos culturais e que tem ainda como sócios Alex Cortez, João Torres e João Riscado. É o novo Povo (no edifício de uma Pensão Amor também em estreia e vizinho do Bar da Velha Senhora, inaugurado na semana pasada).

"Procurámos recuperar a tradição das tascas portuguesas, da conversa e do petisco, adaptando-a aos dias de hoje", acrescenta Cortez, director e produtor artístico da CTL. E de onde vem este baptismo de Povo? "Pensámos em ''Povo que lavas no rio' mas era demasiado comprido. Até que alguém sugeriu só Povo e achámos que é um nome que veste muito bem o espaço", conta.

Neste espaço, que se quer" democrático", há lugar para quem chega ao final da tarde com o discurso na ponta da língua, mas também para os que chegam mais tarde no encalço de uma jantarada. Antes de se entrar ainda se lê "ARIZONA" - o nome do antigo bar - em versão calçada portuguesa, no mesmo chão que recebe a esplanada. A fachada rectilínea é fruto de uma pesquisa por arquivos de outrora.

A disposição do bar e o mobiliário também não escaparam ao trabalho de casa. "Não fazia sentido intervir aqui sem pesquisar primeiro", diz Riscado. A intervenção foi total e tem a assinatura do arquitecto João Órfão. No interior, uma área útil de 80 metros quadrados, o ambiente clean e sóbrio envolve o mobiliário mais tradicional, mas sem "peças tiradas do baú". 

 

Bons sabores, bons sons

O Povo também quer agarrar quem lá for pelo estômago e, para isso, lança mão de iguarias decalcadas da tradição portuguesa. "A nossa ideia foi manter os petiscos tipicamente portugueses e não inventá-los", refere Cortez. Moelas, ovos verdes, salada de polvo e pataniscas são, entre outras sugestões, propostas de sabores familiares (e avivar a memória gastronómica custará entre 3,90€ e 8,90€). Para beber há tudo o que se poderia encontrar numa tasca, a começar pelo vinho da casa (a copo a 1,5€, tal como a imperial). 

A programação também reúne tradição e inovação. Por exemplo, haverá mensalmente um artista residente, um talento desconhecido vindo do mundo do fado. "Aqui, irá não só testar e criar reportório, mas também conhecer outros artistas, outros instrumentistas que podem vir de outras áreas ", completa Riscado. Os espectáculos ocuparão as noites ao domingo e de terça a quinta e culminarão na gravação de um álbum.

Mas nem só de fado vive o Povo. O conceito de world music é igualmente caro aos quatro sócios e pode ir mesmo até ao tango e flamenco - "músicas do mundo numa vertente mais urbana", explica Cortez. Às sextas e sábados, os DJ encarregam-se de uma selecção musical sob o mesmo mote.

Ao longo da semana, haverá sempre espaço para trocar dois dedos de conversa, incluindo com tertúlias programadas.

Nome
Povo
Local
Lisboa, São Paulo, Rua Nova do Carvalho, nº 32-36
Telefone
213473403
Horarios
Terça a Sábado das 18:00 às 04:00
Website
http://www.povolisboa.com
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