Fugas - restaurantes e bares

  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre
  • Rita Chantre

A Pensão Amor vai revolucionar o Cais do Sodré

Por Alexandra Prado Coelho

Seguimos a renovação do Cais do Sodré com uma visita guiada à nova Pensão Amor, pronta a estrear. E, nesta pensão, com assinatura dos mentores da LX Factory, não se dorme, é antes uma casa destinada à revolução: há quartos dedicados às artes, livraria erótica, palco e, entre outros chamarizes, um bar com especialidades peruanas.

 

Cais Sodré, os novos bares: Povo | Bar da Velha Senhora


Ainda há um bidé e um lavatório num pequeno quadrado com chão de ladrilhos ao canto do quarto. Ainda há restos de camas e de armários naqueles que foram, até há pouco tempo, quartos de pensão num velho edifício do Cais do Sodré, em Lisboa. Mas os novos inquilinos já se começaram a mudar - e alguns estão mesmo a aproveitar as velhas mobílias. A Pensão Amor vai abrir ao público no dia 17 e ameaça transformar a vida do Cais do Sodré. 

O edifício, com entradas pela Rua Nova do Carvalho e pela Rua do Alecrim, foi comprado pelo grupo de investimentos imobiliários MainSide (proprietário da LX Factory), e vai funcionar como uma espécie de... pensão, com espaços que podem ser alugados à hora, ao dia, ao mês. 

Só que em vez da antiga clientela de marinheiros e prostitutas vindos dos bares ali mesmo ao lado, com nomes de portos distantes - Roterdão, Oslo, Jamaica - agora os ocupantes dos quartos são artistas, ou simplesmente pessoas com projectos que precisavam de um espaço. Como Fátima Garcia, que está já instalada. No meio de quartos ainda por ocupar, outros apenas com caixotes ou restos de móveis, o pequeno espaço de Fátima - um atelier/loja de origami - é um oásis de arrumação num edifício ainda em estado caótico uma semana antes da inauguração.

José Carlos Queirós, administrador da MainSide, leva-nos numa visita guiada. Encontramo-nos no bar com porta virada para a Rua do Alecrim. Paredes vermelhas, candeeiros de abajur com berloques, imagens antigas de senhoras seminuas em poses timidamente eróticas, cadeirões forrados, ambiente de casa de madame do final do século XIX. Vai funcionar como bar e como cevicheria (onde se poderá comer ceviche e outras especialidades peruanas). 

Seguimos por uma sala com um bar forrado a espelhos (aproveitados dos armários dos quartos da pensão), onde, aponta José Carlos Queirós, há um pequeno palco (era uma sala de uma associação ligada aos transportes marítimos), o que vai permitir que funcione como espaço polivalente para exposições, palestras, lançamentos de livros.  

A opção foi, explica o proprietário, "ir beber na história do edifício e recriar um ambiente inspirado nas antigas pensões". Não houve grandes obras. Os tectos ainda têm as velhas traves de madeira corrida e pintadas, e nas paredes começam a reaparecer os azulejos (o edifício é pombalino, "faz parte da última linha da reconstrução da Baixa e estava numa zona cujo promotor era o irmão do Marquês de Pombal, daí chamar-se Rua Nova do Carvalho", explica Queirós). 

Durante o século XX, os azulejos foram ficando tapados por camadas várias, primeiro de tinta, depois de tecido, que agora foram arrancadas. Mas a ideia é mesmo deixar os vários tempos da história do edifício à vista. Uma ideia que inspirou Mário Belém, responsável pelos desenhos pintados pelas escadas acima - dos marinheiros tatuados, às "coristas da Madame Valentina" em poses provocantes. Também aqui a pintura parece ter camadas de tempos diferentes, contando histórias diferentes.

--%>