Se passar pela esquina da Rua de São Marçal com a Eduardo Coelho, em Lisboa, e vir um suíço à porta a informá-lo que, sim, é por ali o caminho para a Rua da Academia das Ciências e para a Rua do Século, fique a saber que se trata de Marc, e que é, na verdade, um "falso suíço" (é ele quem o diz), mas que conhece bem Lisboa. Por isso, pode confiar nas indicações dele. Ou, em alternativa, pode entrar no Bistro Edelweiss e experimentar uma fondue de queijo suíço com schwarzwälderkirschwasser, que é como quem diz aguardente de cerejas da Floresta Negra.
Marc descobriu esta esquina há cerca de dois anos e percebeu logo que era o sítio ideal para o restaurante que ele e Sindi (este sim, um suíço verdadeiro) queriam abrir. Depois foram dois anos de obras para preparar tudo com calma, e há três meses abriram as portas. "Fui eu que fiz as obras todas", conta. Com formação em arquitectura, Marc, que nasceu no Canadá mas emigrou para a Suíça, gosta desta parte - trabalhar o espaço, escolher as mobílias, decorar.
Um dia, quando viu que funcionários da Câmara Municipal estavam a substituir a placa que naquela esquina indica a direcção do Príncipe Real, perguntou se podia ficar com a antiga. Assim, quem entrar no ambiente acolhedor - todo em madeira, papel de parede anos 70, cadeiras brancas com formas a lembrar naves espaciais do tempo em que o ano 2000 era o futuro longínquo, uma televisão também vintage a transmitir a imagem de uma lareira, e no ar música francesa dos anos 40 - vai ver a velha seta enferrujada a indicar Príncipe Real.
A esquina cria sempre confusões, conta Marc, divertido. Todos os guias de Lisboa indicam que se deve virar ali e apanhar a Rua da Academia das Ciências. É então que os turistas param, confusos, a ler o nome Eduardo Coelho (esta rua leva à Academia das Ciências, por isso os guias estão certos) e que Marc pode aparecer a indicar-lhes o caminho.
Mas isto é só uma pequena história da vida de Marc e Sindi no bairro. O que interessa realmente é saber como chegaram aqui - e, sobretudo, o que cozinham. Vamos por partes, e adiamos por agora a cozinha. Os dois queriam ter um bar e sabiam que na Suíça isso significava um investimento financeiro que não estavam em condições de fazer. Começaram por Nice, onde estiveram sete anos, mas não gostaram particularmente da experiência. Vieram, então, parar a Portugal, mais exactamente ao Bairro Alto, onde há três anos e meio abriram um bar, o Heidi.
"O Heidi existiu mais ou menos dez mil horas", diz Marc, numa contabilidade de relógio suíço. Mas em três anos o Bairro Alto mudou muito - "muita concorrência quase desleal com as litrosas nas ruas; a Rua da Barroca, onde estávamos, mudou muito e hoje tem quase só miúdos". O bar fechou a 6 de Janeiro porque agora querem dedicar-se exclusivamente ao Edelweiss. Sindi, que estudou na Escola de Hotelaria na Suíça e trabalhou em vários hotéis no seu país, assegura a cozinha e Marc ocupa-se da sala.
São, na verdade, duas salas. Uma ao nível da entrada, com a única mesa que dá para sentar um grupo maior, e outra à qual se acede descendo três degraus, com várias mesas. Têm mais ou menos 20 lugares sentados, e querem manter as coisas neste ritmo calmo. Por isso, um conselho: depois de lerem este artigo não vão todos a correr para o Edelweiss, é melhor esperar algumas semanas, porque o bistro não está preparado para enchentes. "Aqui é slow food", sublinham os donos.
- Nome
- Bistro Edelweiss
- Local
- Lisboa, São Mamede, Rua de São Marçal, 2
- Telefone
- 213465324
- Horarios
- Todos os dias das 19:00 às 23:00
- Website
- http://www.facebook.com/pages/Bistro-Edelweiss/102539796499134
- Cozinha
- Internacional