Fugas - restaurantes e bares

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Em Alfama, a poesia ilumina a noite entre queijos e azeites

Por André Marques Vidal ,

O Zazou Café, em Alfama, dedica-se aos produtos tradicionais portugueses. Entre a venda de azeites ou artesanato, tem por mote a difusão da cultura portuguesa. E eventos não faltam. Incluindo noites em que a poesia é que mais ordena.

As luzes desligam-se. A sala fica iluminada apenas por dois candeeiros escondidos em recantos. As pessoas, que antes conversavam animadamente, vão-se calando. Sentadas em cadeiras de madeira de feitios vários, esperam pacientemente. Numa das mesas, um homem alto e magro organiza livros e papéis, dispondo-os de uma forma ordeira. Coloca-os em cima da mesa, abre um dos livros e levanta-se. Por fim, o silêncio faz-se sentir e todos os olhos da sala concentram nele a sua atenção.

A dor, forte e imprevista, / Ferindo-me, imprevista, / De branca e de imprevista / Foi um deslumbramento, / Que me endoidou a vista, / Fez-me perder a vista, / Fez-me fugir a vista, /

Num doce esvaimento. // Como um deserto imenso, / Branco deserto imenso, / Resplandecente e imenso, / Fez-se em redor de mim / (...)

Faz-se ouvir Camilo Pessanha e quem o diz é Samuel Pimenta, anfitrião das noites de tertúlia literária no pequeno Zazou Café, em pleno território do fado. Mas, nestas quintas-feiras, a cada 15 dias, não se canta a poesia. A partilha, aqui, faz-se através da leitura de poemas de diferentes autores, sendo que toda a gente é convidada a trazer as suas próprias obras.

“Este é um espaço de partilha entre as pessoas que vêm escutar e as pessoas que vêm ler os seus textos”, explica Samuel Pimenta. Em todas as sessões, pode haver um ou mais convidados que trazem “a sua escrita, os seus poemas”. E “todos os que estão presentes têm a liberdade de poder partilhar os seus textos ou de outros”, resume. 

Jovem escritor, com apenas 22 anos, Samuel já viu o seu trabalho ser recompensado com o prémio Jovens Criadores em 2012. Foi então que decidiu que queria continuar a investir na poesia. Quando descobriu o Zazou achou que seria o espaço ideal para pôr em prática uma ideia há muito pensada. Abordou a proprietária e esta acolheu com agrado o plano. “Fez-nos a proposta e nós achámos que era a pessoa certa para fazer as tertúlias. Nós já tínhamos essa vontade e ele também. Juntámos o útil ao agradável”, conta Mónica Gonçalves, dona do espaço.

Mónica abriu o café em Outubro de 2011, depois de deixar o seu trabalho num banco. Desejava criar um projecto que fosse exclusivamente português e, depois de encontrar o espaço em Alfama, abriu o Zazou, uma loja de produtos tradicionais. “Eu não sou de Lisboa, sou da Beira Baixa e sentia falta dessa genuinidade dos produtos que já não encontramos nos supermercados”, conta a proprietária. O espaço tornou-se, então, numa mercearia de produtos portugueses que enchem as prateleiras, desde os queijos ao azeite, passando pelos doces e pelas bebidas alcoólicas. Para além disso, há artesanato que encomenda a pequenos produtores e ainda um café que dá a oportunidade ao cliente de comprovar a qualidade daquilo que está exposto para venda.

No entanto, Mónica sentia a necessidade de acrescentar ao projecto uma vertente cultural relacionada com a cultura portuguesa. Para além de teatro ou sessões de contos tradicionais, decidiu acolher as tertúlias literárias de Samuel. Foi então que, de 15 em 15 dias, se começou a realizar, no Zazou, uma noite inteiramente dedicada à poesia.

Nome
Zazou - Bazar e Café
Local
Lisboa, Madalena, Calçada do Correio Velho, 7
Telefone
218884277
Horarios
Domingo, Terça-feira, Quarta-feira e Quinta-feira das 12:00 às 22:00
Sexta-feira e Sábado das 12:00
Website
http://www.facebook.com/zazoubazarecafe
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