Fugas - restaurantes e bares

  • Nelson Garrido
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Que bem que se morfa a olhar para o Douro

Por José Augusto Moreira ,

Cozinha de base tradicional e paladares caseiros que casam com um ambiente moderno e acolhedor. Com convidativa esplanada, o Morfeu Marginal, no Porto, pode contribuir para dias mais felizes e aprazíveis.

Agora que os dias começam a arrebitar, sabe bem a luminosidade, espaços ensolarados e a proximidade da água. E, se possível, boa comida e boa companhia! 

O mundo não é perfeito, todos o sabemos, mas dá-se, por vezes, a rara felicidade de as circunstâncias se conjugarem a nosso favor. E é, assim, com a naturalidade das coisas simples que o Morfeu pode contribuir para dias mais felizes e aprazíveis: na marginal do Douro, exposto ao sol e ao rio, cozinha cuidada e saborosa e preços sensatos. 

A companhia, é, claro, da sua conta, mas mesmo que não cuide disso, a anfitriã não o deixará desamparado. Maria Jorge, a proprietária, é uma alma portuense genuína. Ao gosto pela comida tradicional, junta aquele humor tenso e língua assertiva típicos dos portuenses, e assim conquistou fãs e clientela no velho Morfeu.

Da obscura semicave na zona das Condominhas, encontrou a luz à beira-rio, um pouco mais acima e quase ao abrigo da Ponte da Arrábida. Chegou ainda antes da novidade dos turistas, com a sua cozinha de base tradicional e paladares caseiros. Espaço envidraçado, todo o dia voltado ao sol, a que acresce uma aprazível esplanada que por estes dias convive em perfeita harmonia com o movimento dos eléctricos pejados de forasteiros. 

E, apesar da modernidade evidente, o Morfeu Marginal, assim se chama agora, mantém a sua matriz de restaurante à moda do Porto. Há as tripas, o cozido, o arroz de pato e até, aos sábados, um cabritinho no forno que é de lamber os dedos.

Portuense até no nome, que longe de remeter para hipotéticos sonhos e sonos de felicidade literária é antes tributário do linguajar tripeiro: morfar é degustar e saborear, comer com prazer e critério. Assim se fala à moda do Porto e é também assim que melhor se está neste Morfeu da marginal. 

À carta com as habituais “entradas”, “peixes”, “carnes” e “sobremesas”, antepõe-se uma lista de pratos com dia certo ao longo da semana, todos com preços entre 7 e 10 euros. Arroz seco de bacalhau com os tradicionais bolinhos ou cabidela de frango, às segundas; bacalhau à Brás ou língua estufada com ervilhas, às terças; tripas à moda do Porto, às quartas; filetes de pescada ou feijoada à brasileira, às quintas; cozido, às sextas; cabritinho assado no forno, aos sábados; e arroz de pato à antiga, aos domingos.

Na carta, as doses de polvo surgem em filetes com arroz (17,50€) ou à lagareiro (15,50€), e as de bacalhau em cinco variantes: “à americana”, “à chefe”, “à lagareiro”, “com broa”, e “no forno”, todas a 26,50€. Há ainda tornedó de vitela (12,50€), “rosbife à inglesa” (12,50€), os bifes (10,75€) — pimenta, grelhado ou “à Morfeu” —, escalope de vitela (9,80€) e cinco variedades de omeleta (4,50/9,50€). 

Das “entradas”, provou-se a alheira com grelos (1,50€), rissóis e bolinhos de bacalhau em miniatura (0,50€ a unidade). Enchido típico transmontano envolto com grelos salteados e judiciosa utilização da pimenta; secos, fofos e de boa estirpe os bolinhos; recheio cremoso de camarão nos rissóis. Tudo muito bem e bem apresentado. 

Nome
Morfeu Marginal
Local
Porto, Lordelo do Ouro, Rua do Ouro, 400
Telefone
226 095 295
Cozinha
Trad. Portuguesa
Observações
Ambiente moderno e confortável. Estacionamento nem sempre fácil. Fecha aos jantares de domingo ?e segunda-feira.
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