Do outro lado, um painel de azulejos com os tais porcos, das várias raças portuguesas, vestidos com jalecas e deliciando-se com uma refeição, resulta de um desenho de Henriette Arcelin, com produção e pintura dos azulejos por Fernando Duarte, da Viúva Lamego. Nas escadas que levam ao andar de cima, há outro desenho de Henriette Arcelin, desta vez uma varina, que foi pintada por Patrícia Braga.
A sensação de que estamos realmente num bairro é dada sobretudo pelas fachadas de casinhas de Lisboa, nos dois andares do Bairro — um trabalho de Joana Astolfi — com tudo o que se está à espera: estendais, caixas do correio com postais a sair, um gato entre os vasos com plantas, molduras com antigas fotos de família. E algumas coisas de que não se está à espera, como uma orelha na parede, para nos lembrar que, como em todos os bairros, “as paredes têm ouvidos”.
Por fim, os azulejos com relevos — um camarão, uma noz, um bacalhau, etc. — resultam de uma colaboração entre a AnahoryAlmeida e o Estúdio Caldas da Rainha, que os produziu com as técnicas tradicionais, e foram pintados à mão por Graça Nazaré.
Empregados
Serão, com a equipa completa, 78 pessoas a trabalhar aqui. Isto permite que o Bairro esteja em permanente funcionamento. Quando a Fugas o visitou pela primeira vez, ainda antes da abertura, muitos destes funcionários estavam em actividade como se o local já estivesse aberto ao público. Numa área decorria um workshop sobre como servir café, noutra preparavam-se as sobremesas, noutra ainda descascavam-se pilhas de legumes.
“Algumas destas pessoas estão em formação há quatro ou cinco meses, mas a maior parte chegou há um mês em meio”, explica Avillez. Confessa que “não é uma tarefa fácil”. Chegam aos escritórios do Grupo Avillez (que agora funcionam também no edifício do Bairro) centenas de currículos. “É muito trabalho. Para conseguirmos cinco pessoas começamos com 200 currículos.” Razões para a escolha? “Sobretudo a atitude e a vontade.”
Império
Já antes do Bairro havia quem brincasse com a existência de um “império” de José Avillez no Chiado. São cinco restaurantes em Lisboa e um no Porto — Belcanto (duas estrelas Michelin), Cantinho do Avillez (que também existe no Porto), Pizzaria Lisboa, Café Lisboa e Mini Bar. A estes somam-se agora os mais de 300 lugares sentados do Bairro.
Manteigaria Silva
É o parceiro no projecto do Bairro. A histórica loja da Baixa (também com um espaço no Mercado da Ribeira) é fornecedora dos restaurantes do grupo Avillez desde há muito. “Sou amigo do senhor José Branco, pai, e do Zé [o filho, com o mesmo nome], trabalhamos muito em conjunto, começámos até com projectos, que ainda não estão concretizados, de produtos exclusivos. Eles são, como eu, pessoas como uma enorme paixão pelo que fazem. Têm um serviço personalizado muito voltado para o cliente e uma generosidade enorme. Quando vieram aqui conhecer o espaço, ficaram encantados e disseram logo que gostavam de ficar.”
E assim o Bairro tem um serviço à mesa de charcutaria e queijos de grande qualidade, que podem também ser comprados ao balcão da Manteigaria para levar para casa.
- Nome
- Bairro do Avillez
- Local
- Lisboa, Sacramento, Rua Nova da Trindade, 18
- Telefone
- 215 830 290
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 00:00