O Bairro do Avillez, o novo projecto do chef do Belcanto, em Lisboa, explicado aqui em 12 palavras-chave.
Atípico
Atipicamente Lisboeta, é assim que o Bairro se apresenta. “Há muitos sítios que se vendem como tipicamente portugueses, nós vamos vender-nos sendo atípicos”, diz José Avillez. A ideia é que se reconheça a Lisboa típica, mas que se perceba aqui e ali uma diferença que é, afinal, o toque pessoal do chef. Avillez dá um exemplo: “Quando estávamos a fazer a decoração, surgia a tentação de usar o verde das portas de Lisboa, mas eu dizia que não, porque isto não é um bairro normal de Lisboa e, por isso, entramos na paleta dos verdes mas escolhemos um tom com que eu me identifico mais.”
Depois, é uma questão de reparar nos pormenores: os azulejos têm desenhos de comida, mas aqui ela destaca-se, em relevo; os porcos do painel de azulejos estão vestidos com jalecas; as pipocas são de couratos e o ceviche é de tremoços.
Bairro
Muito se especulou em Lisboa sobre o que seria este Bairro cuja existência José Avillez revelou no final de Fevereiro. A notícia só se tornou pública depois de as obras já estarem a avançar e ao fim de mais de um ano a pensar o que se queria do novo projecto. “Quando saíram essas primeiras notícias, houve quem me telefonasse a dizer que gostava de abrir um restaurante no meu bairro”, conta Avillez. Mas ninguém sabia exactamente do que se estava a falar. Sabia-se apenas que teria “vários conceitos” no interior.
Os lisboetas interrogavam-se sobre o que quereria o homem que já praticamente tinha um bairro no Chiado, com os seus vários restaurantes. Os mercados estão na moda mas Avillez explica que quis afastar-se desse modelo porque não gosta de “andar de tabuleiro na mão à procura de mesa”. Decidiu, portanto, que no seu bairro haveria mesas e serviço à mesa. A partir daí, o conceito foi evoluindo para o que é: um espaço muito grande dividido em Mercearia, Taberna, Páteo e zona para grupos ou eventos especiais.
Comida
O destaque vai todo para os produtos portugueses, sempre que possível representando todo o país, incluindo as ilhas. As ementas foram criadas de raiz para o Bairro (o único prato conhecido, que já é de assinatura, é o bacalhau à brás e as azeitonas explosivas, ligeiramente modificadas aqui).
Mas sublinha Avillez: “Não tenho intenção nenhuma de, numa refeição, fazer uma tese sobre a gastronomia portuguesa. Tudo o que seja forçar, não resulta. Mas às vezes podemos contar uma história. Por exemplo, o prego aqui vem servido com um prego espetado no pão e nós explicamos que o prego tem esse nome porque quando a carne era muito dura era batida com um martelo. Claro que hoje servimos carne do lombo, que não é nada dura, mas tem graça explicar o nome.”
De resto, os pratos não servem para provar nada, têm é que ser bons. “Temos, por exemplo, o ceviche de tremoço. Se fosse péssimo, não funcionava, os estrangeiros não iam perceber o que era aquilo, mas nós achamos que faz sentido como prato em si.”
Decoração
O Bairro ocupa um espaço grande que já fez parte do antigo Convento da Trindade mas que era, até passar para as mãos de Avillez, uma casa particular. Do convento mantém a estrutura com os arcos e o pátio interior. Quanto à decoração — da responsabilidade do atelier AnahoryAlmdeida —, a lista de colaborações é longa. Logo à entrada, no tecto por cima da Mercearia, há uma instalação em cerâmica, com assinatura de Cátia Pessoa e Maud Téphany, que parece resultar de uma explosão de uma cozinha que deixou comida a pairar no ar.
- Nome
- Bairro do Avillez
- Local
- Lisboa, Sacramento, Rua Nova da Trindade, 18
- Telefone
- 215 830 290
- Horarios
- Domingo, Segunda-feira, Terça-feira, Quarta-feira, Quinta-feira, Sexta-feira e Sábado das 12:00 às 00:00