Fugas - restaurantes e bares

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O Coleguinha continua a dar cartas

Por José Augusto Moreira ,

Na zona sul de Espinho, onde domina o espírito vareiro e os aromas a peixe e a mar, a Casa Locas está em crescente afirmação. Pelos peixes frescos grelhados, mas também pela muito competente cozinha de mar, em contexto simples e familiar. Não há luxos, mas também nada falta de essencial.

A casa de andar único, o longo toldo que a abraça e a brisa quente poderiam, à distância, indicar um qualquer destino tropical, mas logo o cheiro a sardinha assada, o linguarejar e as brasas incandescentes desfazem qualquer dúvida.

Estamos à beira-mar, na zona sul de Espinho, onde o espírito vareiro, o aroma a peixe e o ambiente quente das gentes do mar criam uma atmosfera inconfundível. Já ali não mora a lota, cujas antigas instalações acolhem agora o Museu Municipal, mas a envolvência e a tipicidade permanecem intactas.

Não está sozinha a Casa Locas neste enquadramento, se bem que o ritmo em redor dos fogareiros, a gente à espera e o ar satisfeito da clientela sentada nas mesas que ocupam os passeios, logo deixam claro que este é o lugar certo para peixes nas brasas e outras comidas de gentes do mar.

Isso mesmo o mostra o quadro de lousa, pendurado na parede exterior, indicando as espécies disponíveis no dia, cuja lista termina com a indicação de que haverá ainda “+ outras especialidades”. Não há ementa nesta casa modesta, de contexto familiar, amigável e cordial, pelo menos por estes dias em que a procura é muita e a clientela mais que duplica com a disponibilidade que oferecem as mesas colocadas a par deste prédio de esquina. Os dois grelhadores a meio, como que a sinalizar uma e outra das ruas, e também uma porta de acesso voltada a cada uma das artérias, ajudam a acentuar a necessidade de despacho.

Zé Manel, “o Coleguinha”, é um velho marinheiro destas andanças. Deixou marca em casas de fama, como o Chafarrica (Espinho) ou a Chalandra (Matosinhos), mas desde o início do ano passado que completou o círculo e voltou às origens. Não só no contexto e envolvente da vida piscatória, mas com a cozinha simples das gentes do mar.

Uma ideia, ou desejo, que pode ser de muitos, mas que só é possível com o saber e arte de gente do meio, como é o caso da mulher, Maria Helena. E, neste caso, bem se pode dizer que se a casa é do Zé Manel, a arte da cozinha é dela e aí é que está segredo.

Mesmo em coisas simples, como as saladas ou lulinhas grelhadas que chegam à mesa com aquele tudo-nada que faz a diferença. E é, precisamente, nessa sabedoria das coisas simples que está a diferença da Casa Locas. Não se destaca pelo serviço, pela variedade de oferta, pelas instalações ou carta de vinhos. É antes pela cozinha sóbria e tratamento equilibrado dos produtos que cativa e convence.

E nem é preciso evocar as soberbas caldeirada, a raia alhada ou a lagosta fingida (com tamboril), que noutras ocasiões tivemos já oportunidade de saborear. Bastam as amêijoas, percebes ou camarão da costa e a forma saborosa como esta cozinha respeita a sua frescura e condição marinha para se aquilatar da qualidade da arte. Coisas simples, que são, afinal, aquelas que requerem saber e conhecimento.

Verdadeira especialidade é a sopa de peixe (2,50€), com base num refogado intenso que se envolve com as carnes dos peixes desfiadas, berbigão e camarão, sem lhes dominar os sabores. É caldo e é peixe e estão lá todos os sabores. E até algum picante que os espevita.

Nome
Casa Locas
Local
Espinho, Espinho, Avenida 8, nº 1481
Telefone
227 341 842
Horarios
Todos os dias das 12:00 às 00:00
Observações
Estacionamento: abundante nas ruas envolventes Pagamento: numerário (não aceita cartões)
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