O Palácio do Archiginnasio foi construído em 1563, a universidade remontava ao ano de 1088 - considerada a mais antiga da Europa e a terceira do mundo. Foi o Papa Pio IV que mandou erigir o edifício, que tem a assinatura do arquitecto Antonio Morandi. É composto por dois pisos e tem um pórtico frontal e um pátio central. Duas longas escadarias dão acesso ao piso superior, onde ficavam as salas de aula das escolas de Leis (Direito Civil e Canónico) e Artes (Filosofia, Matemática, Física, Medicina e Ciências Naturais).
Estas salas já não são visitáveis, pois é lá que se encontra depositado parte do impressionante acervo documental da que é hoje a Biblioteca Comunale dell"Archiginnasio (800 mil livros, entre os quais 12 mil manuscritos, 2500 incunábulos e 15 mil obras datadas do século XVI). A biblioteca foi instalada no Archiginnasio em 1838, já depois de a universidade ter sido trasladada para o Palácio Poggi, em 1803.
Os brasões que ornamentam os tectos do Archiginnasio são um elemento absolutamente distintivo - e talvez o mais impressionante do edifício. Têm inscrições relativas a proeminentes professores da universidade e também às famílias dos estudantes. Decifrar o que está escrito nestas paletas históricas é, por si só, um exercício interessante. Estão aqui mais de 7000 brasões, diz-nos Paola, a guia, e entre eles encontrámos pelo menos um português.
A construção do Archiginnasio foi um momento singular para Bolonha: não só representou a unidade da Universidade, como também marcou o início de um plano de renovação do centro da cidade. Este ciclo começou com a construção da fonte e da praça do Neptuno, em 1565, e prosseguiu com a edificação do Palácio Banchi, que deu à Piazza Maggiore a sua aparência final.
É este o autêntico centro histórico e é aqui que a cidade mostra, orgulhosa, o seu lado medieval. Aqui e nas torres que marcam o seu skyline, que fazem com que Bolonha seja uma cidade que se fotografa maioritariamente ao alto.
Mais de 100 torres foram construídas em Bolonha nos séculos XII e XIII, fruto da rivalidade entre as mais poderosas famílias aristocráticas da cidade - qualquer coisa do género "a minha torre é maior que a tua". Hoje mantêm-se de pé menos de vinte. As mais famosas - e que são, aliás, o símbolo da cidade - são as prosaicamente chamadas Duas Torres (Due Torri), atribuídas às famílias Asinelli e Garisenda. A mais alta, a Asinelli, tem 97 metros de altura e 498 degraus até ao topo e está aberta ao público (3€, das 9h00 às 18h00, 17h00 no Inverno) mas uma superstição local aconselha que os estudantes da Universidade de Bolonha não a escalem antes de terminado o curso. Crê-se que, se o fizerem, correm o risco de ficar burros - um jogo de palavras com o termo asinelli, que em português quer dizer burricos.
E agora ala burro que se faz tarde, a Basílica de San Petronio está quase a fechar as portas. Olhos bem abertos, por favor, que precisamos de encontrar a grande ameaça da cidade.
A Basílica de San Petronio, cuja construção começou em 1390, domina a Piazza Maggiore de Bolonha - e à volta dela dominam as forças de segurança. Aquela que é uma das maiores igrejas do mundo é patrulhada sete dias por semana, 24 horas por dia, ora pelos Carabinieri, ora por elementos do Exército italiano. Tudo porque estará na mira dos terroristas islâmicos, que não se conformam com o fresco da autoria de Giovanni da Modena que, numa interpretação datada de 1415 de A Divina Comédia, de Dante, põe Maomé no Inferno. À conta deste fresco já houve uns quantos alertas de atentados terroristas na basílica.