Fugas - viagens

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Chefchaouen e os mil matizes de azul

Na Rua Sidi Srifi, Alima, estagiária no restaurante, olha interessada a televisão e as notícias que chegam de protestos no mundo árabe. Sorri. Pode haver mil lugares no mundo que a atraiam mas nada a faz deixar Chefchaouen.

Nem a ela, nem a Hassan, que apenas conseguiu viver uns meses na Holanda, com o pai, antes de regressar a casa. Para não mais se ausentar.

- Desejo-te boa viagem. Até à próxima. Inchallah! -, despede-se Hassan enquanto nos estreita a mão e nos abraça, sabendo que, se Deus quiser, a próxima não tardará muito.

O carro desce lentamente, como se não pretendesse fazer o caminho de volta, por entre oliveiras e outras árvores que começam a florir na paisagem pintada de verde. Quando chega ao vale, onde o rio corre docilmente, lançamos o último a olhar à noiva que, submissa, aceita a protecção dos cornos que, agora mais do que nunca, parecem tocar os céus.

Quando ir
A melhor altura para visitar Chefchaouen e o Norte de Marrocos é na Primavera e no Outono, incluindo para fazer caminhadas nos parques naturais. No Inverno, a despeito de poder passar dias agradáveis, cheios de sol, as noites são frias.

Como ir
A melhor forma de chegar a Chefchaouen é de carro, utilizando o ferry-boat que faz a travessia entre Algeciras e Ceuta, trajecto que se percorre em 45 minutos. 
Barcos de diferentes companhias operam com intervalos de meia em meia hora. Os preços por passageiro rondam os 60 euros (ida e volta) e para uma viatura normal os 160 (também ida e volta). Uma vez no enclave espanhol, deve seguir a estrada até Tetouan e, depois, através da R2, até à cidade santa do Rif, num total de aproximadamente 100 quilómetros. Também é possível efectuar a ligação entre Algeciras e Tânger e mesmo desde Tarifa.

Formalidades
Os cidadãos portugueses apenas necessitam de um passaporte com a validade de seis meses para entrar em território marroquino. 
O processo na fronteira de Ceuta é, por norma, rápido. Apenas terá de preencher um formulário que pode obter logo no momento da compra do bilhete para o ferry-boat e carimbar o passaporte. O ideal, se for de carro, é fazer uma extensão do seguro automóvel, para evitar mais burocracias. Mesmo assim, terá sempre de fornecer os dados da viatura num guichet contíguo aos do passaporte, através do preenchimento de um impresso verde que deverá manter na sua posse para entregar às autoridades no regresso.

Onde comer
Chefchaouen tem alguns restaurantes que cativam pela decoração, especialmente na Praça Uta el Hammam. Mas todos eles sofrem de falta de imaginação e a comida fica muito a desejar. Um dos melhores locais para se comer é, fora da medina, o Restaurante Les Raisins -Chez Hassan, uma instituição na cidade há mais de 20 anos e recomendado por alguns guias turísticos. O ideal é encomendar com algumas horas de antecedência ou mesmo na véspera (uma tajine ou um couscous de qualidade requerem tempo) mas também é possível chegar, esperar e... comer.

Onde dormir
A oferta é variada e há hotéis para todos os gostos e bolsas. Um dos mais bonitos, na Praça Uta el Hammam, é a Casa Hassan, com uma construção tipicamente andaluza. Outra opção é, na Praça de Makhzen, o Hotel Parador.

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