Fugas - viagens

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    Uma rosa na noite madrilena Pedro Maia
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Cenas da vida quotidiana numa Madrid sem guia

O café, forrado a espelhos, pede que não se cuspa no chão e era aqui que se parava, de facto, confirma o dono, rosto cerrado enquanto nos enche o copo e pergunta se ficamos por ali. "Una señor, solamente?" Uma, apenas.

Carmen pergunta se queremos continuar com ela. Ainda tem que ir à loja em frente, a casa Santarrufia, especialista em artigos religiosos desde 1887. Sérgi, o empregado, conta-nos que os paramentos, "dos mais ricos de Espanha", podem ir até aos dois mil euros e que a crise levou as pessoas a aproximar-se mais da fé: "Há quem queira pagar promessas mesmo sem dinheiro e temos que lhes explicar que o santo não se importa se, em vez de 40, só dermos 20". Madrid tem mais de 500 igrejas e são essas comunidades de fiéis que mais procuram a Santarrufia. Carmen vem confirmar se já chegou a custódia que encomendou para a Basilica Pontificia de San Miguel, igreja entregue à Opus Dei, onde nos leva. Fica junto ao Pasadizo del Panecillo e está cheia para a missa da tarde. Do púlpito, o padre fala de política, de Cuba e da fé que se deve depositar na visita do Papa Bento XVI à ilha de Fidel Castro.

Dir-nos-ão mais tarde que a agenda conservadora de Madrid foi ganha porque a política era feita nas igrejas. Carmen indica-nos duas outras tradições: o pôr do sol ao lado da Catedral de la Almudena e um jantar na Casa Lucio.

Tem razão. Ver o dia a acabar da praça entre o Palácio Real e a Catedral, que os príncipes Felipe e Letizia atravessaram no dia do casamento, é ver as terras de Espanha, a sua história ganha aos mouros. Vemos, ao longe, Sevilha, Segóvia e Ávila, num campo aberto, criado para avistar as chegadas dos mouros. Diz-nos um habitual que não nos impressionemos com as cores: "O céu está todo poluído, as cores dos raios são mais químicas do que naturais". Ainda assim...

O segundo segredo de Carmen, a Casa Lucio, não é para ser contado em voz alta. Parece simples, e até é, são só ovos mexidos com batatas fritas. Mas é o que come o rei, huevos revueltos. É ali, naquelas portas de madeira escura onde vemos parar carros com matrícula de Estado e ninguém entra sem reserva, que o rei come o que comem todos. É só isso, mas é isso com porteiro, visons e campainha. Como convém, em frente, observa-se o rei. Os filhos de Lucio fizeram casa igual, mais aberta, mais estreita, para os outros, nós, os que comeriam ovos mexidos e batatas fritas porque não haveria mais nada, mas desde que é comida de rei tornou-se comida em pratos de louça fina e copos de vinho alto. A casa torna-se tão requisitada que é comer, fazer a vénia e partir. Carmen tinha razão: "Mira, Madrid é feita de segredos, a maior parte parece ridícula, mas são especiais".


O botellón já não mora aqui

Foi na Plaza 2 de Mayo que começou o botellón, marca identitária de uma cidade entretanto reprimida pelas autoridades, por força dos comerciantes e dos habitantes dos bairros. Hoje já não é possível encontrar, a partir do fim da tarde, copos a correr de mão em mão e garrafas esvaziadas em várias bocas. O sistema de controlo forçado pelos bares nos anos 1990 - muitos baixando os preços e passando a servir bebidas em copos de plástico (e muitas vezes mais uma na compra de outra) -, ao lado dos protestos dos residentes contra o barulho e a sujidade das ruas, conseguiu contornar a dispersão dos consumidores que, todas as noites do fim-de-semana, enchiam as ruas dos bairros característicos de Madrid.

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