Fugas - viagens

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    MicroTeatro Pedro Maia
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  • Uma rosa na noite madrilena
    Uma rosa na noite madrilena Pedro Maia
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Cenas da vida quotidiana numa Madrid sem guia

Malasaña tornou-se um bairro familiar e isso é a nova imagem de marca de Madrid, admite Jaime: "A burguesia ganhou". E leva-nos pelas ruas, da Plaza de San Ildefonso, onde ainda vemos restos de um botellón varridos pelos pés da polícia em frente ao restaurante Conacheta e ao bar La Ida, um dos resistentes desse tempo, feito em dupla homenagem à cadela dos donos, afagada por todos os artistas de então, e à diva Ida Rubenstein, que, diz-se, era imitada nos shows do Tupperware, "lugar central da movida, que ainda mexe, mas bom..."

E depois, para provar no que se tornou a nova Madrid, paramos no Mercado de San Antón. No meio de Chueca, bairro conhecido por ser o epicentro da vida gay, é uma das apostas de reconversão de antigos espaços em lugares para uma nova população, com dinheiro, cosmopolita e sagaz. Tal como o de San Miguel, no centro, agrega um conjunto de lojas gourmet onde os madrilenos se reúnem para almoços rápidos (e caros) à velocidade de uma paella e vinho branco, juntando tradição e um lifestyle atraente, para depois se comprar ténis ou uma camisola Fred Perry. "Esta é a nova Madrid", diz Jaime.


Os guias de Cervantes

Ao mesmo tempo, é possível desviar o olhar para outros bairros e perceber que a Madrid na qual andamos mergulhados é muito mais alternativa do que aquela que surge nos guias. Se nos desviarmos para o centro, quase a namorar a tentação que são as avenidas largas cheias de autocarros de turistas de boné, é possível ver o contraste entre os bairros que se refizeram e aqueles que gostam de se manter discretos. O Barrio de las Letras, colmeia de escritores e literatos, é disso de exemplo. De dia, mapa vivo para turistas que serpenteiam as casas dos mortos; de noite, lugar de passagem de uma mole de gente que não gosta de se atropelar às portas dos bares. Na Calle Cervantes, um guia diz, entusiasmado, que Cervantes e Lope de Vega eram rivais. Eram-no, de facto, e da sua rivalidade nasceram textos como Dom Quixote e Fuenteovejuna. Certamente fruto de uma cultura reality show, o guia continua perante um grupo ainda mais entusiasmado: "Imaginem o drama... viviam na mesma rua". Pausa dramática. "Sabem quem ganhou esta guerra dos tronos?". Sem esperar pela resposta, diz que foi Cervantes "porque a rua tem o nome do escritor de Dom Quixote". Esquece-se que, na rua atrás, onde não levou os turistas, a rua se chama, imagine-se, Lope de Vega. Mas para quê estragar uma boa ficção? E talvez não lhe convenha explicar que se Lope de Vega viu a sua casa transformada em museu, a de Quixote é uma sapataria ortopédica intitulada, tal como el siglo, El Pie de Oro.

Visitas guiadas que ficcionam a cidade existem em todos os bairros, mas é sem guia nem mapa que se chega aonde os só os madrilenos sabem ir.


Febre de domingo à tarde

A crise trouxe à cidade outras formas de diversão, reinventando a ideia de festa e lazer. Ao domingo à tarde, no centro, quando o Rastro, a maior feira da ladra ao ar livre de Espanha, está a fechar, é ver as famílias, ao lado dos modelos que querem ser vistos e das raparigas que vêm passear as roupas que compraram em lojas como a Kling, começarem a beber cerveja e depois do almoço seguirem para as matinés que os bares e as discotecas começaram a abrir. Francisco Goulão, actor há dois anos a trabalhar em Madrid, diz que é cada vez mais frequente ver as pessoas continuar as festas de sexta e sábado à noite no bairro La Latina, bebendo até o dia acabar. O que, em Madrid, significa às 21h.

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