Fugas - viagens

  • Na rua das Galerias de Paris
    Na rua das Galerias de Paris Nelson Garrido
  • Clérigos no horizonte, na varanda do Era Uma Vez no Porto
    Clérigos no horizonte, na varanda do Era Uma Vez no Porto Nelson Garrido
  • Loja Maze
    Loja Maze Nelson Garrido
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    Pela Foz Nelson Garrido
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  • O novo bar maomaria
    O novo bar maomaria Nelson Garrido
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  • Sol em Sol, restaurante solar e ambulante cuja comida é feita exclusivamente a energia solar
    Sol em Sol, restaurante solar e ambulante cuja comida é feita exclusivamente a energia solar Nelson Garrido
  • Mercearia das Flores
    Mercearia das Flores Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
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O lado B do Porto


Porto XX

Neste início de noite nas esplanadas da Praça Filipa de Lencastre o português está claramente em minoria. Uma babel rodeia-nos. "Sabe tão bem", afirma Paula Faria. "Antigamente", diz Gisela Duarte, "os turistas no Porto eram pessoal mais velho e [vinham] sobretudo no Verão. Agora estamos invadidos por mochileiros todo o ano". E esta é uma das zonas onde eles mais se concentram - à noite, principalmente. Faz tudo parte da "Baixa-Clérigos" que já tem subdivisões: aqui, em "Filipa de Lencastre" ou "Ceuta", como lhe chamam as amigas (do histórico café), a "idade sobe um pouco, há alguma sofisticação, que a arquitectura também proporciona", consideram as portuenses Paula e Gisela. "Muito confortável", resumem, sobretudo enquanto as multidões compactas não tornam difícil a movimentação, e com "boa música" e "diferente" em todos os bares.

O termo de comparação é quase sempre a Rua das Galerias de Paris de onde houve movida nos Clérigos (movida ecléctica, aliás, onde o mais despretensioso transeunte pode cruzar-se com trajes de noite, smoking incluído). As multidões tomaram conta desta rua, muito para além dos bares, e esse é o elemento que continua a distingui-la, para o bem e para o mal. Na paralela Cândido dos Reis a rua está mais "controlada" em esplanadas bem definidas. Por enquanto. "É mais virada para o interior, mas o seu crescimento parece potenciar estar na rua, em convívio." Quem o diz é Joel Azevedo, que, com dois sócios, é responsável pelo novíssimo maomaria, wine bar e happy bar, com clara devoção pela música indie, que no início de todo este movimento, quando os Clérigos eram apenas um enclave da noite portuense (não "a" noite portuense), era uma espécie de credo professado pela maioria dos espaços.no que pode ser visto como um regresso às origens de todo este movimento noctívago, ao início uma espécie de enclave de música alternativa.

Elisa Bessa aprecia a diferença deste novo bar. "Acho que estão a abrir sítios sem a preocupação de ser bonitos, confortáveis", considera, "estes assim não são apenas para beber finos". Elisa conhece bem a nova Baixa porque é aqui que trabalha. "Durante o dia há cada vez mais turistas e cada vez menos portuenses." Os bares, analisa, até estão a puxar novamente pela zona - os copos de fim de tarde começam até a ter seguidores entre os portuenses.

E até onde é que isso pode ir? Carla Costa não sabe, mas tem a certeza de que não vai ficar por aqui. Da sua Lemon Pie, loja de roupa e acessórios na Rua das Oliveiras, tem observado a dinâmica da zona e vai enumerando os encerramentos: as Galerias Lumière, um alfarrabista, outro alfarrabista, a loja de costura, a sex shop. Tudo em meio ano, calcula, depois de um período de aparente boom. "A tendência é piorar", diz, prevendo que rapidamente a sua rua seja só de bares - "só se os senhorios baterem o pé, como o meu".

Já há alguns bares na rua, mas quase todos instalados há bastante tempo, um hostel que abriu na porta ao lado e outro que se prepara-se para abrir um pouco acima; o bar 77, perto, aparece certificado como o que mais "minis" vende em Portugal. Carla Costa vende roupa Surkana e Pepa Loves, por exemplo, mas são as sapatilhas Victoria (que podem ser personalizadas) a grande âncora da loja, que atrai mais turistas do que portugueses. Em Junho, haverá vários eventos promocionais e festas ("sempre fomos conhecidos por elas"), uma forma de fazer frente à vizinha Rua da Cedofeita, que "se transformou em outlet" e torna muito difícil a sobrevivência do negócio. "Se estivéssemos no Aviz ou mesmo em Santa Catarina...".

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