Fugas - viagens

  • Na rua das Galerias de Paris
    Na rua das Galerias de Paris Nelson Garrido
  • Clérigos no horizonte, na varanda do Era Uma Vez no Porto
    Clérigos no horizonte, na varanda do Era Uma Vez no Porto Nelson Garrido
  • Loja Maze
    Loja Maze Nelson Garrido
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    Pela Foz Nelson Garrido
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  • O novo bar maomaria
    O novo bar maomaria Nelson Garrido
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  • Sol em Sol, restaurante solar e ambulante cuja comida é feita exclusivamente a energia solar
    Sol em Sol, restaurante solar e ambulante cuja comida é feita exclusivamente a energia solar Nelson Garrido
  • Mercearia das Flores
    Mercearia das Flores Nelson Garrido
  • Nelson Garrido
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O lado B do Porto

Se calhar por isso mesmo tantos jovens criadores têm encontrado aqui um porto seguro, mais propriamente na Rua do Rosário, que cruza a Miguel Bombarda. Em nome próprio ou em projectos colectivos - como o Muuda, o Artes em Partes ou o Cru, espaços multidisciplinares -, a rua acolhe novos talentos e valores reconhecidos da moda portuguesa. Entre eles Mariana da Fonseca, que passou por Paris e regressou para criar a sua Punch Couture, numa esquina redonda abrindo à curiosidade da rua a sua colecção, feita de peças únicas e limitadas. Totalmente made in Portugal, inclui desde os "básicos" twin-sets aos vestidos, em cores neutras ou em explosões calorosas. Veio "pelo ambiente criativo, artístico" e sente "essa imersão". Sobretudo em dia de inaugurações simultâneas, quando aproveita para promover eventos: no próximo sábado, o "Flowers Punch" vai dar música e flores a quem passar.

No outro extremo da rua, o que caminha para o Museu Soares dos Reis, a Oliva & Co, "da e para a oliveira", também correu riscos. Quando se instalou estava praticamente sozinha, agora juntaram-se-lhe vizinhos com artesanato urbano e design. "Somos o novo eixo e isso sente-se e ressente-se", admite Helena Ferreira, uma das sócias, "mas como diz uma colega, se Bombarda tem muita vida é porque alguém a criou". Por isso, arregaçam-se as mangas para atrair o público até este canto, que até tem "uma melhor qualidade de espaço público". A Oliva & Co faz a sua parte com as suas degustações de azeite (acompanhado por outros produtos, de conservas a sabonetes, passando por bombons) e, em breve, com uma carta de petiscos - os sábados são eleitos para provas de vários produtos derivados, incluindo chás.


Porto, The Rapture

Mas a tradição ainda é o que era, por paragens portuenses, se bem que se possa revestir de formas diferentes: o vinho do Porto pode já não ser o motivo principal de atracção, porém ainda dá mote a visitas. Como a de Mark Tachovsky que está na Mercearia das Flores a ver garrafas, depois de ter passado pelas caves de Gaia. Vem de Vancôver (Canadá), onde estuda vinhos, e já leva muito Portugal na bagagem - culpa da namorada, Jessica Hollander, sobrenome que esconde as origens portuguesas. Ela busca as suas raízes e, afinal, os doces que espreita também são parte delas. Iam a passar, à procura de "coisas artesanais, portuguesas" e acabaram nesta mercearia, visual retro a servir produtos regionais, os de sempre e os gourmet, a servir turistas e moradores, aqui na Rua das Flores, encravada em plena zona histórica, a ligar os Aliados à Ribeira. Gostam de vinho e de comida; gostam deste tipo de lojas, "é melhor do que ver as toalhas junto do rio".

A mercearia aterrou aqui também para ser janela do que se faz (e come, sobretudo) em Portugal e para usufruir do roteiro turístico que cruza a rua, mas acabando por ter "algum ambiente de bairro", conta Joana Osswald, uma das "joanas" da mercearia - a outra é a sócia, Joana Oliveira. Há "estudantes e jovens" que vivem perto e até da Rua Escura, na encosta da Sé, do outro lado da Rua de Mouzinho da Silveira - o eixo que divide (informalmente) a zona histórica cortando o emaranhado de ruelas numa grande via que une a Estação de S. Bento à Ribeira-, vem gente vem gente em busca do pão, da broa de Avintes, das azeitonas... Nos armários com portas de rede alinham-se ainda vinhos e licores, arroz e compotas biológicas, azeites e azeitonas, batatas fritas transmontanas e Sovina, a cerveja artesanal feita no Porto, um best-seller. Aqui também se servem refeições leves (dos aperitivos, saladas e pratinhos de conserva, às tostas, sandes doces, lanches), acompanhadas de bebidas quentes e frias, cervejas e vinho a copo, todo o dia - hoje há provas: queijo dos Açores e Moscatel de Setúbal. "Fechamos às 19h durante a semana e às 20h ao fim-de-semana", explica, "porque a partir de essa hora a rua morre um bocadinho". Descem apenas os turistas para a Ribeira, para jantar.

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