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O lado B do Porto

Por Andreia Marques Pereira

A "história e autenticidade" convivem com a "cidade mais cosmopolita e contemporânea". Adivinham-lhe uma "inquietude cultural". Roteiro "indie" para a Invicta, com o festival Primavera Sound como banda sonora.

As moradas do Porto, um roteiro com alma indie


Há uma contra-revolução em curso no centro do Porto e na cidade muitos falam nela com tristeza. Há poucos anos, ninguém imaginaria que poderia vir a existir um "manual" autárquico de Medidas de actuação e utilização da Baixa da cidade do Porto, porque a Baixa se insuflava de vida durante o dia para a ver esvair-se à medida que o sol se punha. João Pedro Coimbra, compositor e letrista dos Mesa, recorda-se bem desses tempos, quando tinha estúdio na Rua de Cândido dos Reis e "não se via ninguém na rua à noite". Agora já lá andam e isso "é muito gratificante - e ver que foram as pessoas que o fizeram é algo a que dou muito valor".

O "agora" da Baixa do Porto é, diz, "um atractivo mundial". "Os estrangeiros vêm cá e ficam doidos" - a noite é interminável, bebem-se copos na rua... O "agora", que provocou o surgimento do "manual", existe porque, entretanto, uma revolução aconteceu, ou se calhar uma série de pequenas revoluções, que transfiguraram quarteirões mais ou menos decrépitos em símbolos de uma certa contemporaneidade do Porto e nova imagem da cidade - a mesma que chegou às páginas de jornais insuspeitos, como o New York Times, mostrando o Porto como uma cidade cool, harmonização exacta entre a história e a modernidade. Foram os bares que chegaram, primeiro pé ante pé, agora em sprint, foi a base da low-cost Ryanair no aeroporto Sá Carneiro que aproximou mais a cidade da Europa, foram as lojas, foram os restaurantes, foram os hostels... Não todos na mesma medida, claro, mas a movida instalou-se na Baixa portuense e poucos a querem ver sair.

Mas muitos já o prevêem, à boleia destas tais "medidas de actuação e utilização da Baixa" que restringem horários, limitam potência sonora, proíbem venda ambulante e fecham algumas ruas ao trânsito. "Não me admirava que a Baixa do Porto recuasse uns anos", admite Nelson Pedrosa, na varanda do seu Era Uma Vez no Porto, bar a mirar a Torre dos Clérigos, o ícone portuense que emprestou o nome a este olho de furacão. Muito pouco espiritual, a congregação de bares e movida que agora gravita em torno da igreja e torre construídas por Nicolau Nasoni no século XVIII e que se tornou sinónimo involuntário de um Porto cool, eleito o "melhor destino europeu de 2012" pela European Consumers Choice.

"Com a sua variedade de ofertas, o Porto conquista todos os seus visitantes", lê-se na (curta) declaração do organismo, "desde os que o procuram pela sua história e autenticidade, como os que buscam explorar uma nova cidade, mais cosmopolita e contemporânea". Do topo dos 75 metros de altura da Torre dos Clérigos, a cidade estende-se em 360 graus: a poente encontra-se com o Atlântico e é na sua orla que o Festival Primavera Sound vai assentar. Aquele que é dos principais eventos de música alternativa na Europa sai pela primeira vez de Barcelona e viaja até ao Parque da Cidade do Porto, com interlúdios pela Casa da Música e Hard Club.

O motivo da escolha do Porto? As "muitas características comuns com Barcelona" e a "inquietude cultural", justificou Gabi Ruiz, o director do festival catalão, na altura do anúncio. Pretexto, portanto, para desvendar um pouco dessa "inquietude" que vai trazer ao Porto uma média de 25 mil visitantes por dia entre 7 e 10 de Junho. E que mistura, voltamos a citar o European Consumers Choice, "o famoso Vinho do Porto, um centro histórico distinguido como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, museus, parques e jardins encantadores, boutiques de designers nacionais e internacionais..."

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