Fugas - viagens

  • Helena Colaço Salazar
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Alcaide, a aldeia dos cogumelos

Os cestos voltam do passeio micológico meio vazios, mas os caminhantes vêm cheios de apetite e em pouco tempo forma-se uma fila para o mega-almoço de arroz de míscaros, servido pela Escola de Hotelaria e Turismo do Fundão, para duas mil pessoas.


15 milhões por ano

Quem não quisesse ficar na fila podia optar por uma das dezenas de tasquinhas que se espalhavam pelas ruas de Alcaide, em casas particulares e espaços improvisados. O grupo de amigos do Druida instalou-se este ano numa casa de paredes toscas de pedra e tecto de traves de madeira, que encheram de fardos de palha a fazer de bancos. Aí servem licor celta e cogumelos doces, mesmo ao lado de outro espaço ocupado pelo clube motard da zona.

Em antigas tabernas e casas particulares, a população de Alcaide inventa mil e uma formas de servir cogumelos e outras especialidades, abre as portas, monta mesas, improvisa. As noites de sexta e sábado foram de festa até altas horas, e de alguma chuva, mas no domingo o sol bate nas folhas vermelhas e douradas das árvores — o que, convenhamos, ajudou a que houvesse tanta gente no passeio micológico — e anima os noctívagos a sair da cama. Aliás, com os bombos da Barroca, de Alcongosta e da Capinha e as Adufeiras de Penha Garcia a desfilar pelas ruas não deve ser fácil conciliar o sono, por muito grande que tenha sido a folia da véspera. 

“Esta é uma festa que vem de fora para dentro, é baseada na alma da aldeia, envolve toda a gente”, diz, sorridente, o presidente da Câmara do Fundão, Paulo Alexandre Bernardo Fernandes. A aposta nos cogumelos começou há uns quatro ou cinco anos e está a crescer. “Esta é uma das zonas de maior produção de cogumelos silvestres do país”, diz-nos, enquanto, atrás de nós, na cooking arena, o chef João Hipólito prepara tudo para fazer uma demonstração de como se cozinham cogumelos. “A serra da Gardunha é conhecida como um santuário de cogumelos silvestres, temos aqui mais de 150 espécies, e desde sempre houve a tradição da apanha de cogumelos como suporte à economia local”, sublinha o autarca. 

A estratégia da Câmara (que já tinha a experiência de lançar a marca Cereja do Fundão) é “pegar nos produtos endógenos”,  naquilo que “diferencia” a região, e fazer um programa de animação ligado aos produtos locais. Para os cogumelos escolheu Alcaide, onde a população não deverá ultrapassar as 500 pessoas, mas que tem um grupo de jovens dinâmico e um grande entusiasmo pelo festival Míscaros, que vai já no quarto ano, e a transforma por três dias numa autêntica aldeia dos Estrumpfes.

O presidente da Câmara tem mais planos. “Estamos a mobilizar as pessoas, e investidores, para criar um centro de recolha de cogumelos, baseado em Alcaide”, explica, entusiasmado. O centro seria uma forma de contornar um problema que existe actualmente, e que desvaloriza o produto. “Os cogumelos desta região valem qualquer coisa como 15 milhões de euros por ano, em valor comercial. Mas as pessoas recolhem-nos na natureza de forma pouco organizada e vendem-no sem grande valor acrescentado.”

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