Fugas - viagens

  • Adriano Miranda
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Dentro de uma Rússia há sempre outra Rússia

A principesca Uglich

A meio da tarde, a nossa primeira paragem, Uglich, uma das cidades do Anel de Ouro da Rússia, de que também faz parte a paragem seguinte, Yaroslavl. São jóias ricas em História, milenares. Das igrejas, monumentos e casas pitorescas já estávamos à espera, o que não esperávamos era logo à saída do barco entrar para um cais já repleto de turistas, uma banda a tocar When the saints go marching in ou um corredor de vendedores de souvenirs e artesanatos. Seguimos Tatiana, a guia local, pelo kremlin de Uglich, destruído e reconstruído ao longo dos séculos, agora leque de igrejas ornamentadas e coloridas. Na cidadela deste velho principado, vê-se o Palácio do Príncipe a tijolos vermelhos ou a Catedral da Transfiguração, que tem uma singularidade: frescos menos ortodoxos, incluindo… nus de Adão e Eva (coisa rara). Aqui na catedral, como acontecerá noutras paragens, há também um coro pronto a dar-nos música, são sempre duas ou três canções, folclóricas ou litúrgicas (há CD para comprar). Neste caso, o coro da catedral canta exemplarmente duas preces solenes. Já a roxa Igreja de São Demétrio do Sangue Derramado é ponto central de peregrinações, erigida onde terá sido assassinado aos 10 anos o príncipe Demétrio, o filho de Ivan o Terrível, que espalha frescos históricos pelas paredes. Pela cidade há mais que ver (até museus do folclore russo, de arte feita por prisioneiros ou da vodka e loja de velhos, ou réplicas de velhos, relógios que aqui se faziam) mas passeio e meio pela terra e temos que voltar ao barco. Há que decidir que animação nocturna preferimos: vemos o Dr. Jivago ou assistimos ao concurso de danças de par?

Yaroslavl e o mundo

Novo dia, logo pela fresquinha, o deslumbramento da mais antiga cidade do Volga, e Património Mundial pela UNESCO. Temos como guia Aleksandr, que, do alto dos seus sessentas e muitos, nos vai recitando a história desta que já foi capital russa nos idos do século XVII. Nota-se na cidade um certo orgulho, patente até na voz alquebrada de Aleksandr, apesar de se lhe pressentir alguma desilusão sempre que refere o século comunista. Mas veja-se que é ainda centro de mais de meio milhão de habitantes e está repleta de atracções. “Sempre foi uma cidade importante”, vai frisando, lembrando a mais de meia centena de igrejas e que, “apesar dos comunistas terem destruído algumas” (e as guerras e raides aéreos na Segunda Guerra Mundial outras e muito mais), criaram uma escola de restauros históricos que é um marco. O passeio pelos jardins e margem, com o seu ar romântico de casas elegantes, pelo bem preservado centro histórico, aqui e ali com memórias soviéticas, leva-nos até aos frescos impressionantes da igreja do Profeta Elias, à avermelhada igreja de São João Baptista (que, aliás, decora notas de mil rublos, uma riqueza de frescos também) ou ao imenso mosteiro fortificado do Salvador, no encontro dos rios Volga com Kotorsl. Sim, a imagem é de postal ilustrado e o complexo é imenso, incluindo a Catedral da Transfiguração, com mais de meio século e espaços museológicos de artesanato, pintura e artes várias: como se podia subir ao telhado da torre dos sinos, adivinhem como eu e outras crianças nos divertimos… E a vista é de facto magnífica, campos e águas, cidade e monumentos, bosques, uma imagem salvadora. E quando os sinos em redor começam todos a repicar em concerto, a festa é ainda maior.

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