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Quiabos e outras mesas de amigos (para David Lopes Ramos, em memória)

Não sei de onde era a cozinheira, mas a partir daí qualquer feijoada se tornou um desafio, da couve à linguíça.

Mineiro à mesa é vocação.

4. Uma mesa memorável em São Paulo: o bistrô do Arábia, onde com uma amiga paulistana comi grande falafel e grande húmus, depois de numa primeira visita ao restaurante "mãe" ter provado "esfihas" com nozes, pastéis triangulares que nunca provei no Médio Oriente. No Brasil, onde moram mais libaneses que no Líbano, as "esfihas" são tão comuns como bolinho de bacalhau.

Ou a minha primeira vez num sushi e sashimi ao quilo, modesto buffet do Bairro da Liberdade escolhido pela nipo-brasileira que me contou a epopeia da imigração japonesa no Brasil.

Ou aquele risoto de pêra e gorgonzola numa cantina de Higienópolis, de onde nasceu um acordo para o trânsito de alguns livros sem necessidade de nenhum acordo ortográfico.

5. E a água de coco no calçadão? E o açaí gelado na esquina? E os biscoitos Globo na praia? E a picanha tão fina? Coração? Maminha? Coisas do Brasil, como cerveja de litro partilhada em copinhos.

Ou ovos de codorniz. Aipim frito.

Carne seca. Maracujá à colher, ou com cachaça, trincando as sementinhas.

Não tem grelos, não. Muita coisa não tem, até sal bom (ou é pó, ou é pedra para churrasco). Mas quanta coisa que tomara Lisboa.

Por exemplo, um mercado de favela com verdes-tão-verdes, afrodescendentes cuidadosamente compostos em tacinhas, espinhosos ou oblongos, como o quiabo.

O que não escreveria o David sobre um frango com quiabo, cozinhado por uma daquelas nordestinas lá na Rocinha, para uma mesa de amigos.

in Público, P2 (30-04-2011)

 

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"Perdeu-se o elo mais forte da nossa gastronomia"
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29.04.2011 -  por Sérgio C. Andrade, Ana Machado

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