Daí a pouco junta-se a nós Carlos Miguel Rodrigues, o filho de José de Paula, e actualmente o cozinheiro do Delícias de Goa. “Tudo demora tempo na nossa cozinha”, diz. É preciso saber juntar as especiarias certas e encontrar o ponto de equilíbrio da receita.” Foi o que lhe aconteceu com a bebinca.
“Cada família tem a sua receita de bebinca, tal como tem a receita do caril de camarão, ou outras”, explica, enquanto vai buscar o livro de receitas da mãe (já falecida), um caderno de escola de capa preta com muitas receitas escritas à mão e outras, tiradas de revistas ou jornais, dobradas e guardadas entre as páginas. “Eu pedi a três irmãs do meu pai as receitas delas, a minha mãe tinha mais duas. E foi a partir dessas cinco que chegámos a esta que fazemos aqui.”
De cada vez que preparam uma bebinca, fazem a massa, dividem-na por sete copos, e depois ficam calmamente à espera que cada camada cozinhe. Não vale a pena apressar as coisas. Mesmo com fornos modernos e o leite de coco comprado numa lata, uma boa bebinca precisa do seu tempo.