André Silva
Largo do Paço, Casa da Calçada, Amarante
Quadro: A Russa e o Fígaro
Prato: Lombinho de porco preto, lagostim, milho, alperce, teriyaki e sésamo
Foram também as cores que primeiro chamaram a atenção do chef da Casa da Calçada. “Coube-me um quadro mais definido. Não era um daqueles mais loucos”, diz, sorrindo. Havia elementos identificáveis, como uma mulher de traje tradicional, um cão, algo que parecia um assador de castanhas. Mas André fixou-se nas cores e quis transportá-las todas para o seu prato. “Fui escolhendo uma a uma e o prato começa aí: molho de vinho tinto e podemos eliminar os vermelhos, temos o amarelo torrado, vamos para o milho. Açafrão, vamos pôr açafrão. Depois é tentar a conjugação das coisas. Nos vermelhos é o puré de beterraba. Para o branco, o que vou pôr? Vamos à pipoca.” Era uma paleta de oito a dez cores e foi preciso encontrar um ingrediente para cada uma delas. O exercício agradou-lhe. “Obriga-nos a sair do banal, do cómodo. Fazer o jantar no museu já é começar com audácia, então temos que continuar com audácia.”
Pedro Lemos
Restaurante Pedro Lemos
Quadro: D. Quixote
Prato: O Bosque (sobremesa)
A tarefa que coube a Pedro Lemos — a sobremesa — tinha uma dificuldade acrescida: as pessoas já tinham provado vários pratos antes. Por isso foi buscar morangos e sabores frescos e com acidez para uma sobremesa leve e que deixasse uma sensação de bem-estar depois de uma grande refeição. A obra que serviu de ponto de partida representava D. Quixote. “O quadro é bastante perceptível, então decidimos usar como inspiração o bosque. A partir daí começámos a pensar em produtos, frutos mas não só, que se encontram no bosque.” Mas não quis fazer um bosque sombrio, as cores alegres do quadro levavam-no para uma ideia diferente. “Quisemos com cada cor ter um sabor marcante.” E, assim, foi com morangos do bosque que nos despedimos da Rota das Estrelas – e de Amadeo.