Em 2009, o bar fundado por José Carlos Tinoco, arquitecto e uma figura conhecida da noite, rádio e cultura feitas no Porto, dono do prédio, reinventou-se e tentou seguir uma nova linha, numa aposta mais alargada que misturava vários conceitos. Vasco Mesquita, que foi funcionário da casa durante “muitos anos” e explora o espaço desde 2012, explica que após esse período “que correu menos bem” o passo lógico a seguir foi voltar atrás. Continua-se a dar destaque ao jazz, às quintas-feiras, nas noites de jam session, e à música ao vivo, alturas em que, de acordo com Vasco, o espaço se enche de gente. O mesmo diz acontecer aos fins-de-semana.
É um dia da semana. A noite está mais tranquila. A música, no volume ideal para se poder conversar, vai de Smashing Pumpkins a Pearl Jam. Fala connosco enquanto se prepara para jogar uma partida de dardos com dois amigos da casa: “Os amigos estão sempre cá e os clientes que ainda não são acabam por tornar-se amigos.” A decoração do espaço continua muito parecida com a original — os tons de azul e branco das paredes e o creme dos bancos e sofás — dos tempos iniciais. “Houve um esforço para recuperar a mesma imagem”, diz-nos.
O Labirintho está agora isolado na Boavista, longe do centro da diversão nocturna da Invicta, mas há uns largos anos tinha como vizinhos o Griffon’s, o Swing ou o Triplex, também de José Carlos Tinoco. Seria mais fácil abrir uma casa na Baixa, mas não é esse o objectivo: “Queremos continuar como sempre fomos durante muitos anos, sendo agora também uma alternativa para quem procura fugir da agitação da Baixa”.
O karaoke nasceu aqui
Bola de espelhos a girar no tecto, clássicos de hard rock como som de fundo, a maquinaria está montada no palco. Tudo preparado para começar o karaoke no Pixote Bar. É quarta-feira, noite da mulher, e lá fora chove torrencialmente. “Quando é assim nunca se sabe com o que se pode contar”, diz Luís Campos, há 19 anos dono do bar fundado em 1986 por Tony Moura.
É quase meia-noite e já há vários grupos a compor a casa. Folheia-se a lista das músicas à procura da escolha perfeita no meio das centenas disponíveis. Enquanto isso, Alberto Pereira, o animador da noite, dá o primeiro passo e arranca a cantoria. Há quem se aventure num Eros Ramazzotti, quem suba ao palco em grupo para cantar música brasileira e quem procure os caminhos mais apertados dos Doors.
Nem sempre foi o karaoke a imagem de marca do Pixote, ainda que há muitos anos o seja. A trabalhar há 20 anos no bar, desde os 16, João Oliveira recorda que por lá passaram as bandas mais conhecidas do rock mais pesado da Invicta. O Pixote começou como casa de música ao vivo, explica Luís. Mas já tem karaoke há 25 anos. Foi Carlos Alberto, conhecido por Kikas, hoje com 83 anos, “um pioneiro do karaoke”, que o levou para o espaço: “Segundo o que ele diz, este foi o primeiro sítio do país a ter karaoke.” Foi uma receita de sucesso e por isso continua a ser a imagem de marca do bar: “Muitos dos clientes são hoje figuras conhecidas do panorama artístico nacional”, conta.