Fugas - restaurantes e bares

  • Helge Kirchberge
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Abril de sabores portugueses num museu de brinquedos para adultos

O Hangar 7, em Salzburgo, é um museu vivo, um parque de aviões de colecção e parafernália de luxo num aeroporto. Mas é, também, o local onde se celebra a gastronomia do mundo e, durante este mês, José Avillez é o chef convidado.

Ainda a uma distância considerável, quando o avião inicia a fase descendente de aproximação à pista, vemos um edifício oval em aço e vidro com um toque futurista. Parece ter sido cortado ao meio, mas na verdade forma um complexo único com dois módulos (dois hangares), capricho arquitectónico que guarda os brinquedos de Dietrich Mateschitz, um às do marketing e mecenas excêntrico que criou uma bebida energética que se afirmou pelo apoio a desportos e actividades “fora da caixa”. 

Salzburgo, na Áustria, é uma cidade relativamente pequena (é a quarta em dimensão, depois de Viena, Graz e Linz, com cerca de 150 mil habitantes) e o seu aeroporto lembra uma aerogare de província. Quando o autocarro recolhe os passageiros no avião quase apetece perguntar se pode levar-nos directamente ao Hangar 7, no outro lado da pista. Não é possível, claro. Mateschitz pode ser quase o dono “daquilo tudo”, mas há procedimentos alfandegários e de segurança a cumprir. 

Estamos na cidade natal de Mozart, a convite da Red Bull, para o almoço de abertura do Belcanto, que se apresenta durante o mês de Abril no restaurante deste espaço. A gastronomia é uma das paixões do fundador da marca e o restaurante Ikarus (duas estrelas Michelin) foi idealizado pelo lendário chef alemão Eckart Witzigmann para receber todos os meses um ou mais chefs de renome mundial, independentemente do estilo de cozinha. Esta é uma das quatro componentes do projecto Hangar 7. As outras são a arquitectura, neste caso, o próprio edifício futurista do arquitecto Volkmar Burgstaller, uma estrutura em forma de asa de avião, com 380 toneladas de vidro e 1200 toneladas de aço; a arte – o edifício é palco de exposições regulares, além de albergar a colecção do proprietário; e a quarta componente, a razão principal pela qual os edifícios foram construídos, a de abrigo à mítica frota de aviões dos Flying Bulls, um grupo de apaixonados por aviões e helicópteros históricos, que marcam presença regularmente em inúmeros festivais de aviação. 

A colecção e o estado de manutenção dos brinquedos voadores expostos no Hangar 7 impressiona mesmo quem não tem uma paixão particular por aviões e afins. Inclui, por exemplo, o famoso bombardeiro B-25J dos anos de 1940, um Lockheed P-38 Lightning, um Chance Vought F4U-4 “Corsair”, além de helicópteros como um BO 105s, ou um Bell Cobra. Além dos aviões, o edifício serve ainda de exposição a carros e motos de corrida (Fórmula 1, Nascar, Dakar...) e outros objectos ligados ao património aventureiro da marca. Um dos núcleos mais interessantes é o dedicado aos feitos do austríaco Felix Baumgartner, o primeiro homem cruzar o Canal da Mancha com uma asa de carbono (em 2003) e o primeiro humano a atravessar a barreira do som em queda livre, sem o auxílio de uma máquina. Toda as etapas relacionadas com esta sua epopeia, realizada em 2010, como a preparação (que durou sete meses), os ensaios, a ascensão numa cápsula (exposta no local) puxada por um balão, bem como o salto, são relatados ao pormenor. 

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