A Real Colegiata de Santa Maria, com uma catedral gótica e um museu que guarda um tesouro, e nele um delicado xadrez-relicário com a representação do Juízo Final, constitui o núcleo desta povoação. A cem metros, fica a igreja de Santiago (século XII-XIV), um monumento de arte pobre, e, ao lado, a capela românica do Espírito Santo, também conhecida como silo de Carlos Magno, já que a lenda diz que foi erigida no local onde Rolando perdeu a sua espada e foi derrotado.
Também dedicada a Santa Maria é a catedral de Pamplona, uma jóia da arquitectura gótica de influência francesa, mas com fachada neoclássica espanhola do século XVIII. Outra paragem obrigatória para os peregrinos na capital de Navarra é a pequeníssima capela de estilo barroco-rocócó de Santo Inácio de Loyola, que está aberta as 24 horas do dia e tem sempre alguém a rezar.
Seguindo em direcção a oeste, a caminho de Puente la Reina, fica a ermida de Santa Maria de Eunate, da ordem dos Templários, um curioso edifício octogonal rodeado por uma dupla arcada. É, como a capela do Espírito Santo de Roncesvalles, uma igreja-farol no Caminho, que serviu aos peregrinos como local de descanso e adoração mas também como hospital e até cemitério.
Em Puente la Reina, como, mais à frente, em Estela, é possível observar como, do ponto de vista arquitectónico e urbanístico, as povoações que nasceram dos Caminhos se estruturaram longitudinalmente numa Rua Mayor diferentemente daquelas com origem mais coeva, cujo núcleo urbano circundava os edifícios do poder civil ou religioso.
Em Estela (a "Toledo do Norte"), justifica-se visitar as igrejas do Santo Sepulcro, com a sua fachada gótica representando os 12 apóstolos, e a de S. Pedro de la Rua, estilo cisterciense do século XIII, com o seu claustro românico.
Mais para oeste, prossegue o Caminho de Santiago...
A gastronomia
Legumes, carnes e vinhos
Que a ementa de toda uma região possa assentar sobretudo nos produtos da horta que possuem inclusive a classificação DOC (Denominação de Origem Controlada), é algo que não lembrará a quem não pratica regularmente a "religião" vegetariana. Mas isso acontece com Navarra, terra sobretudo conhecida pelos seus legumes, com os espargos (principalmente os de Mendavia), as alcachofras e os pimentos "piquillo" (pequenos como os de Padrón, mas vermelhos) em primeiro lugar. E há também as alfaces, os tomates, o feijão verde. Produtos que fazem as entradas de qualquer refeição, e podem mesmo fazer as delícias de um jantar de degustação, associadas a queijos, patés e cogumelos. No resto, as espetadas ("pinchos") e as carnes de novilho, veado e cordeiro (os habitantes "naturais" dos Pirinéus), mas também o bacalhau (fresco) e os mariscos constituem os ingredientes mais usuais da gastronomia da terra.
Nos doces, há as tartes de queijo e de amêndoa amarga e os bolinhos de chocolate com trufas e massa folhada (em Pamplona, a velha pastelaria Beatriz, na Rua da Estafeta, tem sempre filas à porta).
E há os vinhos, principalmente os rosés de La Ribera, a sul, e os tintos no enclave a oeste, quase a entrar na La Rioja. Mas as apostas mais recentes da região são mesmo os rosés, e também os Chardonnay, por via da proximidade com Bordéus. Em Olite, capital da principal região vitivinícola, cada bilhete de entrada no castelo vale um euro de desconto na visita ao Museu do Vinho, mesmo ao lado, e, aqui, cada duas entradas são brindadas com uma garrafa de vinho uma matemática que dá bem a expressão da aposta que a região vem fazendo nos seus vinhos.