Fugas - Viagens

Monumento aos “Encierros”, em Pamplona, da autoria do escultor basco Rafael Huerta Celaya

Monumento aos “Encierros”, em Pamplona, da autoria do escultor basco Rafael Huerta Celaya Adriano Miranda

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Navarra: Touros e peregrinos

Património e natureza
Duas terras com castelo...

O "slogan" publicitário do Turismo de Navarra é "Terra da diversidade/ Um continente em miniatura". Trata-se, normalmente, de um adjectivo aplicável a muitas paragens. Mas não é habitual, numa região com uma área tão restrita pouco mais de 10 mil kms2, para uma população de 600 mil habitantes, haver tanta diversidade como aquela que se pode encontrar nesta província e comunidade autonómica espanhola.

Há a História e a tradição dos touros, de que atrás já falámos. Mas, para completar este roteiro histórico-patrimonial seguindo o percurso que o Turismo nos proporcionou, há dois outros lugares de visita obrigatória. Ambos têm castelo. A bem dizer, o primeiro deles, Javier, é mesmo apenas um castelo. Mas não é um castelo qualquer: fundado no século X como torre de vigia, a edificação haveria de transformar-se em verdadeiro castelo no século XIV, mas foi só no início do século XVI que se tornou palco de uma circunstância que haveria de o colocar na História: foi o lugar de nascimento de S. Francisco de Jaso y Azpilicueta (1506-1552, que depois ficou conhecido como S. Francisco de Javier/Xavier). Junto a ele existe a Igreja de Santa Maria, que conserva ainda a pia de pedra em que Francisco foi baptizado.

A entrada neste castelo vale, sobretudo, pela visita guiada, em várias "estações" representadas ao jeito de uma cascata, à vida deste aventureiro que se tornou cofundador, com Inácio de Loyolla, da Companhia de Jesus, e cuja vida se cruzou também com a História de Portugal, no reinado de D. João III, por via da sua viagem de missionação do Oriente, onde viria a morrer antes de chegar à China.

A outra terra com castelo é Olite, uma cidade a sul de Pamplona, e que chegou a ser a capital histórica e sede dos reis de Navarra. Destes, foi Carlos III, o Nobre (1361-1425), o que mais ficou na História, e foi no tempo dele que o castelo atingiu a sua maior projecção, tornando-se num dos mais faustosos da Europa, à época entre as múltiplas inovações nas suas infra-estruturas contam-se, por exemplo, um pioneiro sistema de água canalizada e um frigorífico exterior, que aproveitava o gelo dos Pirinéus. A silhueta e a mistura de estilos medieval e gótico deste palácio poderia muito bem ter inspirado Walt Disney para a criação do castelo d'"A Bela Adormecida", se o animador americano não tivesse visitado, primeiro, o palácio de Neuschwanstein de Luís da Baviera. É uma visita curiosa a que se pode fazer àquele castelo que Carlos III dedicou à sua rainha Leonor de Castela, e para a qual mandou construir um jardim suspenso e diz a lenda plantar uma amoreira que ainda aí existe e está mesmo classificada como património.

Junto ao castelo existe ainda o primeiro palácio de Olite, hoje transformado em parador nacional, e também a igreja de Santa Maria, cuja frontaria renascentista está decorada com motivos vegetais de videiras, a marcar a importância da terra como capital vitivinícola.

... e o verde e o seco

"Terra de diversidade", dizem os responsáveis de Navarra. Eis dois exemplos claros desse ecletismo (agora) paisagístico: a selva de faias de Irati e o deserto das Bardenas. A primeira fica em plenos Pirinéis, no vale de Aezkoa, a poucos quilómetros a leste de Roncesvalles. "É a maior floresta de faias na Europa", diz o guia Francisco Glaría, e o passeio pelo seu interior é uma experiência única. É verde sobre o verde, numa sucessão de montes e vales cobertos com uma vegetação intrincada, praticamente selvagem, apenas pontuada por uma ou outra pequena aldeia, por uma barragem e pelas ruínas de uma velha fábrica de armamento, que funcionou nos tempos da Guerra Peninsular contra o exército de Napoleão. Desta selva, podem seguir-se os trilhos dos Pirinéus e desembocar nos Caminhos de Santiago que atravessam a fronteira (contactos para a viagem: Excursiones Auñak Ángel M. Loperena; telm: +34 609 411 449; excursiones@aunak.es).

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