Fugas - Viagens

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Vila Velha de Ródão: portas e varandas do Tejo

Do conjunto do faz ainda parte a Capela de Nossa Senhora do Castelo, edifício branco com poucas reminiscências da sua origem seiscentista, num local sagrado desde tempos imemoriais – no interior nada existe, a imagem só vem por altura das festas e tudo o resto foi roubado. A sua lenda está relacionada com o rio, o salvamento de pescadores e uma imagem da virgem sentada na rocha.

Do rio chegou também outra das lendas que faz a memória popular destas paragens. A Nossa Senhora da Alagada terá sido lançada ao Tejo em Espanha, numa caixa, para escapar à invasão muçulmana. Deu à margem aqui, onde lhe construíram uma ermida depois de alguns percalços: quando foi encontrada, a imagem foi levada para a igreja matriz, mas, por duas vezes, fugiu daí. Então os moradores perceberam que a virgem queria ficar no local onde foi encontrada e ela aí está, numa igreja alva, com o seu sol e âncora na mão, padroeira de Vila Velha de Ródão.

Por este rio abaixo

Há muito Tejo em Vila Velha de Ródão. Já não tem a importância de outros tempos, quando era uma via aberta e constante de trocas comerciais até Lisboa - o caminho de ferro, no final do século XIX, tornou-o obsoleto - e agora o peixe até já não é tão variado (as enguias, por exemplo, já não conseguem chegar aqui para desovar). Mas há pescadores que se fazem à água, nem que seja para pesca desportiva, como a família que aproveita o feriado em Castelo Branco para navegar, pescar e devolver o peixe à água. “Pescamos só para incomodar os peixes. São os nossos brinquedos. Os jogadores de futebol também não comem as bolas”, brinca José Pedro Torres, filho de Amélia e José Gomes Torres. Com o pai gere a Naturpesca, um hobby. “É um part-time”, explica o pai, “não se consegue viver disto”. No entanto, continua, “isto é muito bonito, até pelo aspecto geológico, e é pena não ser muito mais aproveitado”. “Tem muito potencial para turismo de natureza.”

Foi o que pensou Nuno Coelho, que aqui chegou com a sua Incentivos Outdoor, fundada no Gerês, em 2005. Em 2006 começou as operações e não mais parou - primeiro foi um barco, que recebeu como pagamento de uma dívida, a navegar no Tejo. Agora a Incentivos Outdoor tem o monopólio das actividades de natureza aqui no concelho (inclui descidas no Rio Ocreza, escaladas no castelo, trekking, um campo aventura, por exemplo) e de alojamento - explora, entre outros, a Estalagem de Portas de Ródão, que inclui a piscina e campos de ténis municipais; um dos restaurantes de referência é também seu, o Vale Mourão, em Foz do Cobrão, aldeia de xisto em forma de presépio.

É num dos seus barcos, Tejo (o Moura Encantado fica atracado) que embarcamos manhã cedo para descermos até às Portas de Ródão. Viagem curta desde o cais de Ródão, à espera de arranjos depois de ter estado coberto pelo rio até ao restaurante-bar em construção, até às portas: primeiro passamos pela “porta dos fundos”, a formação-irmã, mas menos imponente, atravessada por ponte de ferro; depois, novamente o rio alarga até se estrangular na imponência das fragas das Portas de Ródão (em Foz do Cobrão, as Portas de Almourão são uma réplica-miniatura no rio Ocreza, abrindo-se para um espelho de água que depois se estreita e retoma, precipitado, o seu curso). Há uma névoa que cobre a paisagem como um manto diáfano: dela sai o comboio da linha que segue o curso do rio; nós avançamos tentando abarcar tudo o que nos rodeia.

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