Já não estamos na sua órbita íntima, mas na artística, no Museu Dolores Olmedo. Aqui, em Xochimilco, no sul da megalópole, guarda-se a mais importante (e vasta) colecção de obras dos pintores, reunida por aquela que foi a sua grande mecenas. E assim continuamos no Museu Diego Rivera Anahuacalli, perto de Coyoacán, com um acervo de 50 mil peças pré-hispânicas que Rivera coleccionou ao longo da sua vida.
Foi uma relação tumultuosa e apaixonada, a de Frida e Diego. Sobreviveu a infidelidades, a divórcios, a problemas de saúde e impossibilidade de ter filhos. Quando Frida morreu, Diego terá dito nunca haver sido mais feliz do que quando estava com ela.
China. Chongqing
Liu Guoqiang e Xu Chaoqing
É uma espécie de conto de fadas, ainda que com ingredientes distintos dos tradicionais. Não há príncipe nem princesa, não há fada madrinha, não há palácio, não há dinheiro — mas há o indispensável “felizes para sempre”. Uma felicidade conquistada a pulso, contra o mundo. Fora do mundo.
Foi em 1951 que Liu Guoqiang e Xu Chaoqing se apaixonaram. Algo que seria normal não fora ela dez anos mais velha do que o jovem de 16 anos — além disso, era viúva e com quatro filhos. Na aldeia de Gaotan, as críticas foram intensas, a bisbilhotice e a intriga voaram à solta. Incapazes de escaparem ao escrutínio e julgamento populares, os dois jovens tomaram uma decisão radical: abandonaram a aldeia e começaram uma nova vida juntos.
Em 2001, uma expedição descobriu no sudoeste de Chongqing, na China, uma série de degraus escavados na face íngreme de uma montanha. Seis mil degraus acima, os investigadores encontraram uma paixão que as rugas não esmoreceram. O casal vivia aí, numa cabana modesta, onde criaram os filhos (quatro do primeiro casamento, mais quatro que tiveram juntos no isolamento da montanha), entretanto a viver “no mundo lá fora”. A escada — uma verdadeira “escada para o paraíso” — foi o resultado do trabalho de Liu, que escavou pacientemente, ao longo de décadas, os degraus para garantir a segurança de Xu nas suas descidas à “civilização”. Isto embora ela não tenha saído muito de casa nos mais de 50 anos que viveram juntos.
Liu morreu em 2007, tinha 72 anos; Xu em 2012, tinha 87 anos. Estão sepultados juntos, na montanha onde viveram no topo da “escada do amor”(coberta por dez mil rosas brancas, oferecidas anonimamente, no dia do funeral de Xu), como ficou conhecida a história que em 2006 foi considerada uma das 10 mais românticas da China. Teve mesmo direito a filmes em cinema e na televisão, enquanto o casal ainda vivia a sua vida espartana na montanha. Por isso, em vez do descanso eterno no local onde escolheram viver o seu amor, a escada e a casa tornaram-se ponto de romaria. E agora o governo local decidiu transformar o local numa atracção turística. Os planos incluem restaurar a casa, conservar a escada e construir melhores estradas para que todos possam ir ali. Ao palco das vidas que provaram que num mundo de pragmatismo materialista, ainda há lugar para “amor e uma cabana”.