EUA. Texas e Louisiana
Bonnie & Clyde
Há algo de épico na canção que Brigitte Bardot popularizou quando ela conjura a nossa atenção: “Et bien/ Ecoutez l’histoire/ De Bonnie and Clyde”. Bonnie Parker e Clyde Barrow constituíram o casal fora-da-lei mais famoso dos anos 1930 norte-americanos. O país vivia mergulhado na Grande Depressão, a Lei Seca estava no seu estertor e o par assustava na mesma proporção que fascinava a população — durou pouco o seu reino de terror, mas a sua lenda instalou-se no imaginário colectivo. Claro que não prejudicou a atenção que a cultura popular dedicou aos seus feitos, produzindo filmes, canções, livros sobre o casal que entre 1932 e 1934 assaltou bancos e postos de gasolina, assassinou polícias e civis. Contudo, inconscientemente ou não, foram eles próprios que começaram a construir a sua iconografia, deixando para trás inúmeras fotos em poses apaixonadas, ela de boina, ele de chapéu, e com armas empunhadas.
A história é a típica boy-meets-girl: Bonnie era empregada num café em Dallas e conheceu Clyde, delinquente já condenado, em 1930. Foi amor à primeira vista, diz-se. Em poucos anos tornaram-se em inimigos públicos, deixando um rasto de crimes e cadáveres e protagonizando fugas improváveis às autoridades.
Foi na área do sudoeste dos EUA que o bando Barrow distribuiu a sua actividade criminosa e é um bom pretexto para conhecer a América mais profunda. O Texas é o seu epicentro, sobretudo em redor de Dallas, a cidade natal de ambos. Pequenas cidades como Grapevine ou Grand Prairie, Kemp ou Decatur, têm as suas memórias da dupla, mas algumas das mais tangíveis estão em Huntsville: no Texas Prison Museum exibem-se vários objectos que lhes pertenceram, como uma pistola encontrada no carro onde morreram. Esse também é objecto museológico e está nos arredores de Las Vegas.
No Louisiana, na auto-estrada 154, a sul de Gibsland, um marco assinala o local da emboscada final ao casal. Um verdadeiro blaze of glory inglório: mais de cem balas cravejaram o carro onde Bonnie e Clyde morreram, em Maio de 1934. Ambos foram sepultados em Dallas, mas em cemitérios diferentes. Bonnie deixou alguns poemas, como The Story of Bonnie and Clyde, do qual deixou uma cópia à mãe poucas semanas antes de morrer: “Some day they’ll go down together/ they’ll bury them side by side./ To few it’ll be grief,/ to the law a relief/ but it’s death for Bonnie and Clyde”.
Inglaterra
Rainha Vitória e príncipe Alberto
Adormeceu Alexandrina Vitória e acordou rainha Vitória, às seis da manhã, quando a informaram de que o tio tinha morrido. Aos 18 anos, aquela que nasceu em quinto lugar na linha de sucessão ao trono inglês tornava-se rainha de um império que ela haveria de tornar no mais poderoso e mais vasto do mundo, “onde o sol nunca se punha”. Não o fez sozinha, pelo menos não nas primeiras décadas. Aos 21 anos casou-se com o primo, Alberto de Saxe-Coburgo Gotha e, como raramente acontecia nas monarquias, o casamento orquestrado nas altas instâncias do poder foi de amor verdadeiro. Tão verdadeiro que se tornou mito.