Mas é a história dos dois jovens que, pertencentes a famílias rivais, se apaixonam, desafiam a autoridade paterna e têm um destino fatal que domina a cidade Património Mundial. A casa de Julieta Capuleto (na verdade, terá sido residência da família Cappello), em cuja varanda não falta quem encarne a personagem, é centro de peregrinações e rituais esperando a bênção da trágica heroína. Não muito longe desta, a “casa” de Romeu não merece tanta romaria, sobretudo porque sendo privada não é visitável e além de uma placa nada mais a liga ao drama. Indispensável nesta Verona ficcional é a visita ao “túmulo” de Julieta, onde se dá o desenlace funesto desta história de amores proibidos e enganos: ele repousa no claustro medieval do mosteiro capuchinho de San Francesco.
A torre Lamberti (medieval e a mais alta da cidade), o castelo, os museus, os muitos vestígios romanos, a magnífica Piazza dei Signori com a sua estátua de Dante e fechada por edifícios monumentais — estes são alguns dos motivos para ir a Verona. Contudo, nada é tão forte como as palavras do bardo: “Heaven is here, where Juliet lives”.
México. Cidade do México
Frida Kahlo e Diego Rivera
Foi um amor improvável e pouco convencional que teve o seu grande cenário na Cidade do México, o dos dois ícones maiores da arte mexicana. Quando Diego Rivera e Frida Kahlo se conheceram nada podia prever a relação intensamente apaixonada e torturada na mesma medida que os dois iriam viver e que iria dominar as suas vidas. Afinal, ela tinha 16 anos, era uma estudante marcada pelas cicatrizes (físicas e psicológicas) do acidente no trolley que lhe condicionaria a vida; ele, com 36 anos era um artista já consagrado, mulherengo inveterado (e afamado), já no segundo casamento e com vários filhos (incluindo ilegítimos). Casaram-se quatro anos depois, em 1929, divorciaram-se 10 anos depois para se voltarem a casar no ano seguinte. Transformaram-se nos dois ícones maiores da arte mexicana e a Cidade do México a tela da sua história.
Não há local que melhor conjure memórias de Diego e Frida do que o Coyoácan, bairro boémio e histórico da cidade onde fica a famosa Casa Azul, o epicentro do mundo de Kahlo. Mas antes da Casa Azul, onde Frida nasceu e onde haveria de viver com Rivera, há o Colégio de San Idelfonso. Foi aqui, bem no coração histórico do México D. F., ao lado do Templo Mayor, ágora da antiga Tenochtitlan, que ambos se conheceram. Ela estudava, ele pintava o mural La Creación — para eles, este seria o início da criação do seu mundo comum, da sua lenda: o seu amor e paixão pela arte.
E se a sua arte está por toda a cidade, sobretudo a de Rivera, muralista de excelência, é no Museu Casa Azul (construída pelo pai de Frida) que os visitamos, ao casal, aos artistas, numa intimidade cristalizada. O mesmo se passa no Museu Casa Estúdio Diego Rivera e Frida Khalo, no “vizinho” bairro de San Angél, o edifício, também conhecido por “casas gémeas”, mandado construir por Diego com duas casas, uma para cada um e com o seu próprio estúdio.