De todo este lado do mundo, chegaram os materiais mais preciosos, mármore de pedreiras próximas, safiras do Ceilão, ágatas do Iémen, jade e cristal da China, lápis-lazúli do Afeganistão, ametistas da Pérsia, quartzo dos Himalais, corais da Arábia Saudita, âmbar do oceano Índico… Juntos compõem o intricado rendilhado do edifício principal, o mausoléu, que se ergue numa plataforma marmórea, quatro faces exactamente iguais, onde sobressai um arco de 22 metros de altura, coroado de cúpulas. Minaretes erguem-se como sentinelas a flanquear o mausoléu, instalado num vasto jardim onde o complexo se completa com outros edifícios.
Deposto pelo filho, Shah Jahan esteve oito anos prisioneiro no Forte Vermelho de Agra. Daí tinha vista para o Taj Mahal. Quando morreu, foi-lhe dado descanso eterno ao lado do seu amor imortal.
Inglaterra. Yorkshire
Heathcliff e Catherine
Amor desesperado, ciúmes desmesurados, vingança obsessiva. Não é uma história de amor tradicional, a que Heathcliff e Catherine vivem no Monte dos Vendavais. Saída da pena de Emily Brontë e publicada em 1847, é uma história que respira o ar do seu tempo, a época romântica, e que não enjeita deambulações pelo gótico, com paixão, crueldade, elementos sobrenaturais e uma atmosfera opressiva. Foi a única obra da segunda das irmãs Brontë (Emily morreria um ano depois) mas bastante para lhe dar um lugar no panteão literário — a sua influência na literatura inglesa posterior é reconhecida — e da cultura popular — o cinema e a música voltam regularmente ao Monte dos Vendavais.
Foi aí, entre natureza agreste refém de vastas charnecas, que Heathcliff e Catherine viveram o seu amor e desamor. Cresceram juntos, descobriram-se almas gémeas, mas o preconceito de classe separou-os. Ela casou-se na alta sociedade, ele foi marginalizado e enveredou por um caminho de vingança inexorável que nem a morte de Catherine diluiu. Pelo contrário, intensificou-se como um mergulho na loucura que no final tomou conta de Heathcliff e que só a morte apaziguou, devolvendo-o à sua amada. Pelo meio, um rasto de vidas destruídas e um sinal de esperança.
É impossível ler o Monte dos Vendavais separado da geografia da sua autora. E esta não é uma questão de somenos, já que muitos estudiosos vêem a geografia como mais um personagem da trama, conferindo o tom da narrativa. E essa geografia é a das charnecas desoladas do Norte de Inglaterra, no Yorkshire, numa região isolada e dura delimitada pelos montes Peninos e a “60 milhas de Liverpool”. A de Heathcliff e Catherine; a da família Brontë, que deu origem a uma espécie de roteiro literário-turístico denominado de Brontë Country, percorrendo memórias pessoais e literárias das três irmãs.
Emily nasceu em Thornton, quando o pai era aí vigário, mas grande parte da sua vida viveu-a em Haworth, pequena aldeia nos arredores de Bradford — a casa paroquial, onde a família viveu, é agora um museu. E é a partir de Haworth que se desenvolvem os passos em volta do Monte dos Vendavais – saindo da aldeia em direcção à charneca encontram-se Ponden Hall, que terá inspirado Thrushcross Grange, e Top Withen, em ruínas, o modelo para Wuthering Heights. Aí, ainda que involuntariamente, as palavras cantadas por Kate Bush ecoam com mais alma: “Heathcliff, it’s me, Cathy, I’ve come home”.