Conta a história que ambos se conheceram no Castelo de Windsor, no mesmo apartamento onde ele morreria 24 anos depois, lançando a rainha num luto perpétuo que se tornou na sua imagem de marca — e na iconografia da era vitoriana, marcada, entre outros, pela rígida moralidade. Foi uma união total: juntos tiveram nove filhos, juntos governaram o império durante 21 anos. Ela não tomava nenhuma decisão sem o consultar, ele tratava das finanças públicas — a maior conquista pública da monarca foi ter conseguido para Alberto o título de príncipe consorte, num país que recebeu com desconfiança o príncipe alemão.
Foram os primeiros monarcas a habitarem em permanência o Palácio de Buckingham, mas Windsor tem um papel central na sua história. Como tem Balmoral, a propriedade escocesa ainda hoje refúgio da família real inglesa, comprada pelo casal que construiu um novo castelo, e Osborne House, o palácio de estilo renascentista na ilha de Wight que se estabeleceu como residência de Verão — a Victoria Beach, agora aberta ao público, recebeu muitas vezes a rainha e os seus filhos.
Depois da morte prematura de Alberto, aos 42 anos, a rainha retirou-se da vida pública durante três anos. Em sua honra, mandou erguer o Albert Memorial, junto do Royal Albert Hall, cuja construção cumpriu o desejo do príncipe de fundar um espaço de promoção das artes e ciências.
Em 1901, morre Vitória, cumprindo o mais longo reinado inglês: 64 anos, mais de 40 como viúva em luto constante. Foi sepultada no mesmo mausoléu do marido. “Farewell best beloved, here at last I shall rest with thee, with thee in Christ I shall rise again.”
Índia. Taj Mahal
Prince Khurram e Mumtaz Mahal
O monumento mais famoso da Índia é um símbolo de amor eterno e, simultaneamente, mausoléu. Quem não viu a graça imponente da silhueta de mármore branco do Taj Mahal para lá de jardins impecavelmente tratados? Esta é provavelmente uma das mais grandiosas declarações de amor de sempre, porém, poucos sabem a história por detrás desta que é uma das (novas) 7 Maravilhas do Mundo, erigida no Norte da Índia, na margem do rio Jumna, em Agra (Uttar Pradesh).
É uma história que começa como muitas outras: era uma vez um rapaz e uma rapariga que se apaixonam. Mas o rapaz era um príncipe da dinastia indiana grão-mogol, Khurram, e a rapariga uma princesa de origem persa, Arjumand. Ele tinha 15 anos, ela tinha 14 — casaram-se cinco anos depois de se terem conhecido, em 1612, e durante esse período não se viram. Com o casamento, ela recebeu um novo nome, Mumtaz Mahal, “a maravilha do palácio”; ele haveria de ser Shah Jahan, imperador mogol (descendente do imperador mongol Gengis Khan). Foi a segunda mulher do imperador, mas a sua preferida: viveram juntos 19 anos e tiveram 14 filhos. Ela morreu em 1631, ao dar à luz ao último, lançando o reino em dois anos de luto intransigente e o marido em reclusão durante um ano.
Em 1632, Shah Jahan ordenou o início da construção do memorial à sua amada, um testemunho do seu amor e a garantia de que o seu nome não se perderia na voragem dos séculos. Durante duas décadas, mais de 20 mil trabalhadores deram forma a uma sinfonia rítmica que combina “sólidos e vazios, côncavo e convexo, penumbra”, lê-se no site da UNESCO, que consagrou o Taj Mahal como Património da Humanidade em 1983, obra máxima da arquitectura indo-islâmica.