Fugas - Viagens

  • Natia Rekhviashvili
  • em Tblissi, a capital georgiana
    em Tblissi, a capital georgiana Natia Rekhviashvili
  • Natia Rekhviashvili
  • uma praia de Batumi
    uma praia de Batumi Natia Rekhviashvili
  • em Tblissi, a capital georgiana
    em Tblissi, a capital georgiana Natia Rekhviashvili
  • A cidade termal de Borjomi
    A cidade termal de Borjomi Carlos Cipriano
  • O Museu José Estaline, em Gori, tem cerca de 140 mil visitantes por ano
    O Museu José Estaline, em Gori, tem cerca de 140 mil visitantes por ano Carlos Cipriano
  • Batumi, às vezes apelidada de Las Vegas do Cáucaso
    Batumi, às vezes apelidada de Las Vegas do Cáucaso Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano

Continuação: página 2 de 7

Geórgia sobre os carris da História

A linha não está em muito mau estado, mas faz com que o comboio abane o suficiente para se ir bem embalado ao som do “dang dang” monótono, apesar de alguns solavancos aquando de alguma frenagem mais brusca. Ou seja: é um comboio à moda antiga, com rodados que protestam ao passar pelas agulhas e provocam safanões inesperados. Um comboio daqueles que já não se vêem na Europa desenvolvida. Uma experiência que dura uma noite e custa pouco menos de 20 euros.

Uma hora depois de termos partido já levávamos 11 minutos de atraso. As estações onde paramos são edifícios enormes na noite fria, com plataformas desertas e mal iluminadas. Os cais estão cobertos de gelo e à medida que atravessamos uma cordilheira de montanha passa a ser um manto de neve o que se avista através dos vidros embaciados. Pelo trepidar da composição, nota-se que atravessamos uma orografia difícil, sucedendo-se pontes, túneis e curvas apertadas.

À medida que a temperatura exterior desce, a do compartimento aumenta. Em proporções tais que em breve se torna insuportável. Sem se poder abrir janelas, prescinde-se do cobertor, tiram-se peças de roupa, bebe-se água, mas a canícula é tal que esta em breve leva a melhor sobre o pudor e a privacidade, e dorme-se com a porta do compartimento aberta na esperança de receber pelo corredor umas réstias de corrente de ar frio.

Também não ajuda ao sono que o nocturno de Tblissi para Makhinjauri pare em 24 estações ao longo dos 342 quilómetros de viagem, o que significa, em média, uma paragem em cada 20 minutos. Espreita-se pela cortina e da janela e avistam-se gares enormes e desertas, com umas tímidas luzes amareladas, interrompidas, por vezes, pelo potente farol de locomotivas de fabrico soviético que passam na linha ao lado rebocando compridos comboios de mercadorias.

Às seis da manhã, 50 minutos antes da chegada, a anafada “sargenta” grita umas palavras incompreensíveis e passa pelos compartimentos para recolher os lençóis, fronhas e toalhas. Acendem-se as luzes do compartimento, mas lá fora está escuro com breu. E escuro continua quando as 18 carruagens do expresso de Tblissi despejam centenas de sonolentos passageiros na mal iluminada estação de Makhinjauri.

Os próximos oito quilómetros serão de táxi. Uma avenida que atravessa instalações portuárias degradadas, barracões, edifícios enferrujados... E de repente a cidade – Batumi. A Las Vegas do Cáucaso. Torres de hotéis de cinco estrelas profusamente coloridas, passeios amplos, um centro com casas térreas ou de primeiro andar rodeadas das típicas varandas georgianas, hotéis de charme, hotéis boutique, guest houses, restaurantes, cafés. Que repentino contraste! Bem- vindos à Geórgia!

A viagem turística

A estância termal de Borjomi reivindica possuir a segunda água mineral mais rica do mundo, logo a seguir à de Vichy, sendo também uma plataforma a partir da qual se pode descobrir uma das regiões mais interessantes da Geórgia.

Há duas Borjomis, separadas por um rio caudaloso que arrasta blocos de gelo. Uma, de neve escura e lamacenta, onde está a central de autocarros, os bancos, as lojas, a câmara municipal e alguns hotéis incaracterísticos. E outra onde a neve é branca e se respira o ambiente termal da Belle Époque. É nesta que está o edifício da estação dos comboios, que marca o início de um jardim atravessado por uma alameda que desemboca noutro rio, afluente do primeiro. Seguem-se os hotéis clássicos, misturados com unidades hoteleiras modernas que estão bem integradas na paisagem. Nesta Borjomi quase não há carros. Anda-se, ou melhor, passeia-se, a pé.

--%>