Fugas - Viagens

  • Natia Rekhviashvili
  • em Tblissi, a capital georgiana
    em Tblissi, a capital georgiana Natia Rekhviashvili
  • Natia Rekhviashvili
  • uma praia de Batumi
    uma praia de Batumi Natia Rekhviashvili
  • em Tblissi, a capital georgiana
    em Tblissi, a capital georgiana Natia Rekhviashvili
  • A cidade termal de Borjomi
    A cidade termal de Borjomi Carlos Cipriano
  • O Museu José Estaline, em Gori, tem cerca de 140 mil visitantes por ano
    O Museu José Estaline, em Gori, tem cerca de 140 mil visitantes por ano Carlos Cipriano
  • Batumi, às vezes apelidada de Las Vegas do Cáucaso
    Batumi, às vezes apelidada de Las Vegas do Cáucaso Carlos Cipriano
  • Carlos Cipriano
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Geórgia sobre os carris da História

Esta fortaleza era apenas acessível por uma estrada, facilmente controlada e defendida, mas também por um túnel secreto que ia ter ao rio e permitia o abastecimento a partir das terras férteis do vale. Uma lenda, hoje contada pelos guias turísticos, ilustra a eficácia defensiva deste ponto estratégico, que só seria tomado pela traição. Quando o império persa invadiu a Geórgia cristã e tentou tomar a fortaleza, as tropas invasoras deram-se conta que esta era inexpugnável, pelo que tentaram um cerco para vencer os sitiados pela fome. Os georgianos responderam com ironia, atirando pão e outros bens alimentares às tropas persas, víveres que recebiam pelo túnel secreto que ligava ao rio.

Mas a mulher do líder da fortaleza deixou-se tentar por um suborno oferecido pelo chefe das tropas invasoras e vendeu o segredo da localização do túnel em troca de dinheiro e imunidade. Os persas entraram de noite e dizimaram a população. O chefe atirou-se ao precipício antes de ser apanhado. E quando faltava apenas matar um velho, este pediu para ser levado à presença do comandante das tropas vitoriosas porque tinha informação importante a dar. Disse que a ameaça de morte pouco contava para um velho como ele, mas que gostaria de um último desejo antes de partir: ver a justiça ser feita. Era um apelo para que a mulher que traiu o marido, os filhos e o seu povo fosse castigada. Assim foi. Os persas atiraram a esposa traiçoeira pelo mesmo precipício onde se suicidara o marido e pouparam a vida do velho.

Histórias de invasões são também contadas quando se visita o Mosteiro Verde, assim chamado pelo tom esverdeado das pedras com que foi construído. Um local misterioso, isolado no meio de um bosque e em torno do qual brotam sete nascentes com águas de sabores distintos que, dizem, tratam da saúde a todo o tipo de maleitas.

O interior deste monumento ortodoxo está repleto de ícones e ainda hoje é usado para o culto pois vive ali uma pequena comunidade religiosa. E encerra também mais uma lenda, igualmente ligada aos persas que, quando invadiram o local, tentaram obrigar os cerca de 300 monges cristãos a reconverter-se ao islamismo. Perante a sua recusa, assassinaram-nos um a um junto ao rio, onde se podem ver algumas pedras de cor avermelhada. O guia garante que, depois de enviadas algumas para um laboratório americano, os cientistas comprovaram que aquele vermelho era... sangue.


A viagem no tempo

A avenida José Estaline é austera, comprida, larga e fria. Culmina na praça José Estaline, onde está a casa onde nasceu José Estaline, mesmo em frente ao museu José Estaline. Gori, a cidade onde nasceu o ditador, não só parece conviver bem com isso, como, pragmaticamente, sabe tirar partido do passado e da memória do seu filho da terra mais famoso. É que o enorme palácio onde está instalado desde os anos 1950 o museu de glorificação ao então líder da URSS até foi construído de raiz para esse efeito. Há que rentabilizar a coisa.

E Gori fá-lo bastante bem. O Museu José Estaline tem cerca de 140 mil visitantes por ano e é a principal atracção turística da cidade.

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