Fugas - Viagens

  • Bárbara Raquel Moreira
  • Styrsö-Skäret, uma das ilhas do arquipélago sul na costa de Gotemburgo
    Styrsö-Skäret, uma das ilhas do arquipélago sul na costa de Gotemburgo Bárbara Raquel Moreira
  • Gotemburgo, Estação Central
    Gotemburgo, Estação Central Bárbara Raquel Moreira
  • Hora de ponta no terminal de ferries;
    Hora de ponta no terminal de ferries; Bárbara Raquel Moreira
  • Uma das bancas do mercado municipal
    Uma das bancas do mercado municipal Bárbara Raquel Moreira
  • Em Gotemburgo
    Em Gotemburgo Bárbara Raquel Moreira
  • Vrängö é uma ilha com cerca de 400 habitantes onde mora uma comunidade de pescadores
    Vrängö é uma ilha com cerca de 400 habitantes onde mora uma comunidade de pescadores Bárbara Raquel Moreira
  • Vrängö é uma ilha com cerca de 400 habitantes onde mora uma comunidade de pescadores
    Vrängö é uma ilha com cerca de 400 habitantes onde mora uma comunidade de pescadores Bárbara Raquel Moreira

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Gotemburgo: a cidade à superfície e sem pudor

O charme de Haga

É sábado de manhã. A cidade desperta para mais um fim-de-semana quente, sem chuva nas previsões meteorológicas, sem os rígidos horários de um dia de trabalho. Haga — é assim que se escreve e que lemos, mas que em sueco soa a coisa estranha, como se palavra tivesse muito mais do que duas sílabas — enche-se de gente. Turistas e não turistas. Famílias com carrinhos de bebé — e havemos de sentir, por diversas vezes, queGotemburgo não sofre com a baixa natalidade —, jovens e menos jovens e, palpitamos, coleccionadores à procura de alguma peça que andará debaixo de olho. Apetece tanto ali estar e ali ficar.    

Birgitta conta-nos a história do lugar. Haga era um bairro pobre de Gotemburgo, construído nos subúrbios em meados do século XVII. Morada da classe trabalhadora, dos homens que trabalhavam no porto, na indústria naval, na pesada e dura construção de barcos, e que partilhavam as pequenas casas de madeira. “Algumas com apenas um quarto e uma cozinha e casa de banho cá fora”, garante-nos. “Em 1940, ainda era um bairro com casas para os trabalhadores.” A madeira foi o rastilho perfeito de três grandes incêndios que destruíram muitas habitações, mas que não tiveram força suficiente para derrubar essa parte histórica da cidade. A ordem foi dada para que Haga não desaparecesse do mapa. O primeiro andar das casas teria de ser construído com betão, os dois andares superiores seriam de madeira para preservar o aspecto que tinha dado alma àquele lugar. Haga renasceu então das cinzas, levantou a cabeça, ergue-se para uma nova vida. Nos anos 1980, renovou-se, reinventou-se e tornou-se no que é hoje. Um bairro com carisma, a transbordar de charme, carregado de histórias, que apetece conhecer de cima a baixo e repetir lugares. Aquelas ruas têm coração porque nós sentimo-lo a bater debaixo dos nossos pés. Birgitta acrescenta mais dados interessantes à história. Foi ali que nasceu a primeira biblioteca pública da cidade. Foi por ali que surgiram os primeiros banhos públicos. E essa história não há fogo que consuma.

As ruas de Haga têm lojas de antiguidades que aproveitam os passeios como montras para mostrarem fabulosos vestidos do século passado tão bem estimados. Ou fantásticos chapéus com formas e feitios de tempos que já não voltam. Ou livros que tiveram vários donos e jóias que passaram por mais do que um pescoço e várias mãos. Encontramos lojas de produtos em segunda mão, móveis que terão vivido em várias casas e relógios com ponteiros de ferro. Em Haga, o velho e o novo misturam-se como se não houvesse amanhã. O bairro tem lojas de design de mobiliário e vestuário moderno, roupa e brinquedos de criança. Tem cafés com mesinhas de ferro e madeira nas ruas que vendem os bolinhos de canela típicos da Suécia mas numa versão XL. Birgitta assegura que o formato típico é bem mais pequeno do que aquelas bolas maiores que queijos. Haga tem restaurantes de decoração mais antiga com paredes forradas a papel e balcões em madeira. Os guias de papel recomendam a visita a esse centro comercial a céu aberto,cosy como adjectivam. Very cosy, acrescentamos nós com toda a propriedade.   

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