Confessamos: quando fizemos as malas, a comida nunca passou pela nossa cabeça. Preferimos pensar noutras coisas. Mas três horas depois de aterrar em Gotemburgo, temos de nos render às evidências. A gastronomia merece lugar de destaque nesta cidade sueca. Os guias sabem disso e destacam-na a negrito nas palavras que lhe dedicam. “A costa Oeste, perto das águas frias do mar do Norte, faz de Gotemburgo um paraíso para os apreciadores de peixe e marisco. O acesso aos produtos cultivados localmente torna o Oeste da Suécia um dos destinos mais atraentes da culinária do Norte da Europa.” Frases promocionais, é certo, mas que provamos que não pecam por exagero. Há três horas emGotemburgo e “engolimos” essas palavras.
Estamos no restaurante Wasa Allé, no centro da cidade, que é uma perdição para quem aprecia pratos feitos com legumes da época. E não só. Ali há comida ecológica, é um verdadeiro ecogourmet, decoração tradicional, e produtos comprados aos comerciantes locais. A ementa é então construída com o que acaba de sair da terra. O estômago agradece tamanha delicadeza. O restaurante é espaçoso e tem vista para a cozinha. O pão é caseiro — Gotemburgo também surpreende com a variedade de pão, ele é com cereais, com ervas, mais crocante, mais espalmado ou mais rechonchudo —, a cerveja também é muito saborosa. Os pratos não chegam à mesa a abarrotar, bem pelo contrário, apesar de tamanha consistência. É um restaurante gourmet, pois então. Para começar, cavala levemente salgada com pepino, cebolas da Primavera, espargos da época e pequenos lagostins. Chegarão ainda à mesa algas fritas com mexilhões e creme de ervilhas. O problema é mesmo escolher. Lombos de pescada com repolho e truta com espuma de espargos podem conviver no mesmo prato sem problemas. Os legumes que se produzem em Gotemburgo também ficam bem na carne. Filé de cordeiro com puré de beterraba, alho e agrião frescos e caldo de cordeiro surgem na ementa. Percebemos que é época do ruibarbo, aproveitado para as sobremesas com espuma de soro de leite, leite em pó desnatado e estragão.
Gotemburgo orgulha-se dos seus produtos, seja da terra, seja do mar. No Mercado Municipal, velhinho edifício do final do século XIX, que junta ferro e vidro na sua arquitectura, restaurado há cerca de um ano, os comerciantes locais colocam os seus produtos em montras como se fossem obras de arte. É um mercado pequeno, com muitos queijos, variedade de pão, chocolates, carne, ingredientes necessários na cozinha, legumes da época. Produtos frescos num local que, além de um ponto de venda, se tornou num sítio turístico e que merece uma visita.
A Fugas viajou a convite da TAP
GUIA PRÁTICO
Como ir
A TAP tem voos directos para Gotemburgo. As partidas são de Lisboa às segundas, quartas, quintas e sábados. Os voos partem às 9h50. As saídas de Gotemburgo são às 15h20. Preços a partir de 207 euros, viagem de ida e volta, com taxas incluídas.
Quando ir
Na altura de Verão, o clima é amigo de quem gosta de calor e o sol está no céu quase 18 horas. Nasce por volta das quatro da manhã e só desaparece pelas 22h15. Nesta altura, a temperatura média ronda os 20 graus, mas há dias em que os termómetros não pedem licença para subir alguns números. Os últimos meses do ano são mais agrestes em termos de clima, com o termómetro a descer, há neve e o sol só se vê durante seis horas. Em Dezembro, o sol nasce pelas 9h e vai embora às 15h20.