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Voltámos à escola... para passar férias

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S. Pedro de Rubiães: Um albergue de peregrinos

Não terá sido o destino mais previsível para a antiga escola primária da freguesia de Rubiães, em Paredes de Coura. Recebeu gerações de crianças da terra durante várias décadas e agora, pela sua porta, entram japoneses e alemães, norte-americanos e colombianos, suecos e sul-coreanos – na verdade já se perdeu a conta a quantas nacionalidades por aqui passaram. Os primeiros vinham aprender a ler e a escrever; os últimos vêm em busca de um porto de abrigo numa (mais ou menos) longa caminhada que também pode ser uma aprendizagem: a escola de Rubiães deixou de pertencer ao parque escolar nacional para passar a estar incluída nos roteiros do Caminho Português a Santiago. É agora o Albergue de Peregrinos de São Pedro de Rubiães e as vieiras são as coordenadas do caminho.

E são elas que dão as indicações que conduzem às traseiras da escola – é aí que passa o Caminho de Santiago, que traz os peregrinos de Ponte de Lima e os levará a Valença, a última paragem antes de terras galegas. Eles entram pela cozinha; nós, que não vimos em peregrinação e seguimos um GPS normal, entramos pela frente do antigo edifício, “modelo Adães Bermurdes”, como se lê no interior, num extracto da monografia de Alves da Cunha No Alto Minho – Paredes de Coura, “que logo nos fere a retina pela cor de rosa”. O rosa já não é conspícuo e com a luz do sol e o esmaecimento da cor até nos passaria despercebido, não fora David Jorge, presidente da junta e nosso guia local, chamar-nos a atenção. A caixilharia também já não é de madeira, mas mantém a cor bordeaux, a mesma dos beliches das camaratas que ocupam duas salas (34 camas) – o antigo quarto do professor, num primeiro andar à laia de torre, e a antiga junta de freguesia, que funcionava ao lado da escola e agora está ligada a esta para ser, então, albergue; a antiga sala de aulas está transformada em sala de estar, mesas redondas e cadeiras.

Chegamos de manhã e só apanhamos Marcília Cerqueira, uma das funcionárias, a limpar o albergue. Os peregrinos saem muito cedo, “entre as 6h e as 7h”, e começam a chegar, normalmente, a partir do meio-dia. Há quem se duche apenas, há quem passe a noite – e descanse no jardim, onde agora há umas poucas espreguiçadeiras. “No sábado à meia-noite ainda estavam uns quantos com guitarras aqui”, conta David Jorge, que todas as noites passa por aqui, para “fechar portas, apagar luzes”. Desde Maio, há dois funcionários que se revezam entre as 10h e as 20h na recepção e apoio dos peregrinos que aqui não pagam – podem deixar um donativo. Antes era o anterior presidente da junta que abria a porta por volta das 15h, mas David Jorge crê que não chegava: “As pessoas não conhecem nada, querem saber onde é o café, a mercearia…”. Muitos dos que chegam a Rubiães vão directos a um restaurante, almoçar, e a seguir a uma mercearia onde compram a comida que cozinham à noite no albergue.

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