Escola de Cabreira, Colmeais, Covelas, Gouveia, Sendim da Serra, Vales, Casa da Trepadeira
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Gouvães do Douro: Para sempre um "lugar das letras"
O Pinhão e o rio Douro adivinham-se para lá da dobra do monte – não os vemos mas é fácil encaixá-los nesta paisagem onde nós próprios entramos. Gouvães do Douro é uma aldeia em cascata em pleno Património Mundial e o Lugar das Letras está num dos seus socalcos e tem vista à solta. Seja do jardim, onde uma pequena piscina que, não o sendo, finge bem ser infinity graças ao varandim transparente, seja do edifício da escola e da sua mais recente (e alta) adição: no primeiro, rasgaram-se janelas na parede lateral; no segundo, optou-se por paredes que são transparentes, dando para o jardim ou varandas.
A escola, inaugurada em 1956, cumpriu a sua função educativa até 2005, altura em que foi atingida por um grande incêndio florestal, e em Maio abriu as suas portas ao alojamento turístico, depois de ter sido vendida e sofrido obras substanciais. Uma abertura ao estilo soft opening – a inauguração oficial acontecerá em Outubro – mas pouco: na verdade, a ocupação tem sido quase ininterrupta, diz Francisco Abrunhosa, que, juntamente com a mulher, Maria Manuel, é proprietário da empresa Casas e Tradições, responsável por todo o processo de aquisição, recuperação e até decoração, e agora pela sua gestão turística.
Houve uma família que ficou três semanas, conta, algo inesperado para Francisco que também é responsável pela vizinha Casa de Gouvães (dos mesmos proprietários, um casal francês): “Nunca tínhamos tido alguém durante tanto tempo. Foi a directora de uma organização cultural europeia, que descobriu a escola na internet e teve curiosidade”.
Dificilmente o Lugar das Letras defrauda quem vem em busca das suas raízes escolares.
Não só se preservou o edifício (de uma sala de aulas apenas) como a decoração é uma constante lembrança delas: literalmente, com o quadro de lousa, as duas secretárias diante deste sobre estrado e os livros escolares que fazem a biblioteca (tudo original da escola) logo na entrada (antiga “sala das batas”, como se dizia nestas paragens, recorda Estrela Rocha, funcionária da casa e uma guia turística informal); e alusivamente, com peças “devotadas” às letras (desde o “a, e, i, o u” colorido na entrada, ao móvel com o abecedário, passando pelo bengaleiro de lápis gigantes) e à escola (compassos que viram quadros, páginas de livros que são quadros). O mobiliário, de influências nórdicas em muitas peças feitas à medida, e a decoração são factores distintivos nesta escola-alojamento no espaço rural, onde nenhum pormenor foi subestimado para emprestar ao todo um ar irredutivelmente contemporâneo e obstinadamente confortável.
O edifício da antiga escola é agora um open space, que se divide informalmente: a sala de entrada fica recolhida com a estante branca que faz as vezes de biblioteca, segue-se a antiga sala de aulas, agora sala de jantar e de estar divididas por uma lareira (recuperador de calor) central. Na ala nova, estilo moderno pintada de cor de ferrugem também para assinalar que este espaço não pertence à estrutura original, onde antes eram o telheiro e as casas de banho, ficam as quatro suites (uma “para crianças”, com decoração a condizer) e a cozinha – há outro edifício novo, este separado do principal, no jardim com vista para a piscina e ao lado da churrasqueira, que é a sala de jogos.