A escola primária de Rubiães deixou de funcionar nos anos de 1980, conta David Jorge, mas depois ainda aqui funcionou o pré-primário. Até ao início dos anos 1990, altura em que se encerrou definitivamente o edifício. Em 2006 nasceu o albergue, um “processo consensual” na aldeia. “As pessoas gostam”, conta Marcília, “aliás, se isto faltasse já não era a mesma coisa”. Afinal, são cada vez mais os forasteiros que passam por Rubiães – em 1987, quando David Jorge há 20 anos, “contavam-se pelos dedos os peregrinos que passavam”, este ano, até princípio de Setembro, já passaram 5138. “Estamos lotados todos os dias”, confirma Marcília. No Inverno, o movimento diminui, “só passam os fiéis”, diz David Jorge que não se cansa de dar indicações na sua farmácia, no centro da aldeia. “The pink house”. (Andreia Marques Pereira)
Albergue de Peregrinos de S. Pedro de Rubiães
Rubiães
Informações: CM Paredes de Coura
T: 917164476 / 251943472
Póvoa de Lanhoso: A cervejaria artesanal
Começou por ser um hobby para João Palmeira “espairecer” dos seus dois trabalhos – numa clínica (tem formação em motricidade humana e terapia física) e num call center. Mal sabia ele que o hobby seria um trabalho, talvez mesmo uma vocação e que esta viria a encontrar “casa” numa antiga escola primária. Foi em Águas Santas (Póvoa de Lanhoso) que encontrou o espaço necessário para dar o passo que a sua cerveja artesanal precisava para chegar a mais gente. Da cozinha do seu apartamento em Braga para a garagem do seu pai, até à escola primária que fica mesmo ao lado da casa dele foi o tempo de ficar desempregado, de ver as suas cervejas andarem de boca em boca entre os amigos (com uma ajuda das redes sociais), de ser convidado para o Art Beer Fest Caminha e ouvir opiniões favoráveis e imparciais e de ter conhecimento do programa da Câmara da Póvoa de Lanhoso de cedência de escolas desactivadas para negócios. E ainda não passaram dois anos.
Há um ano estavam João Palmeira e um amigo a começar as obras na escola; em Março deste ano começou a produção nesta escola que esteve 15 anos fechada. “Tinha mato até à altura do telhado”, recorda João. Agora o mato está limpo, embora a sua força, dada a localização ribeirinha, não deva ser subestimada, e as árvores herdadas estão pujantes e com novas companhias. A fachada principal deste edifício em espelho – duas alas simétricas, que correspondiam a duas salas de aulas – está preservada, era “uma condicionante da câmara”; o interior foi, contudo, “desmontado” e adaptado: numa das salas montou-se uma pequena linha de produção (com a máquina de produção, cubas de fermentação, máquina de engarrafamento e outra de rotulagem); na outra faz-se o armazenamento das garrafas, em paletes – e nas traseiras foi rasgado um portão para cargas e descargas, que terá de ser tapado caso a fábrica se deslocalize.
É daqui que saem as sete variedades de cervejas que João produz e cujos nomes são uma homenagem ao passado romano de Braga, onde a cerveja nasceu. Por isso, temos, por exemplo, a Bracara, uma “loira” suave, a Augusta, uma negra (stout) levemente picante, e um paraíso, Elysium, com mel. No Natal sairá uma “reserva especial”, que já está no armazém, engarrafada – será a Némesis, a mitologia grega a intrometer-se para sinalizar uma cerveja que “quebra as regras”, quase “um digestivo”. A fábrica não está preparada para receber visitas, mas a cerveja pode ser encontrada um pouco por todo o país, em restaurantes e lojas gourmet. (Andreia Marques Pereira)