Em regime de pequeno-almoço incluído, que Estrela vem preparar todas as manhãs, o Lugar das Letras privilegia a ocupação integral (400€ por noite; 280€ na época baixa). De qualquer forma, a ocupação é sempre em regime de exclusividade e, por este motivo, grupos de duas ou quatro pessoas, por exemplo, terão um preço proporcional mas têm de se sujeitar a fazer marcações à última da hora e a ficar duas noites no mínimo (120€ por noite/quarto) – de outra forma não compensa ter a casa a funcionar, nota Maria Manuel: no Inverno há o aquecimento e no Verão o ar condicionado a acumular. (Andreia Marques Pereira)
Lugar das Letras
Praça de Gouvães
5085-242 Gouvães do Douro
T: 917921320. Facebook
Ansião: Em contacto com a natureza
Bastava entrarmos para percebermos: a escola de Casais da Granja ainda cheira a casa nova. Afinal, aos 50 anos, com portas fechadas aos alunos, envereda por uma nova carreira, a do alojamento turístico low cost. O passo inaugural aconteceu no início de Julho, a taxa de ocupação ainda é residual mas este tem sido um funcionamento quase experimental: a Câmara municipal de Ansião já começou o processo para concessão desta escola (e outra, a de Aljazede, a que se juntará até ao final do ano uma terceira) a privados; no caso de não aparecerem interessados, a autarquia vai continuar a assumir a actividade de alojamento, assegura o presidente da Câmara, Rui Rocha. De uma maneira ou de outra, os preços reduzidos farão sempre parte do projecto, embora o valor final seja da responsabilidade do concessionado.
Com 20 escolas fechadas no concelho, o uso turístico de três delas (a maior parte cedidas a colectividades e juntas de freguesia) foi inspirado pela localização. “Estas permitem um contacto muito forte com a natureza, muita tranquilidade”, considera Rui Rocha. Esse é um dos trunfos apresentados para estes alojamentos, juntamente com a possível interacção com a população local, através da participação na confecção de queijos ou pão, na apanha de azeitona e nas vindimas, por exemplo.
Em Casais da Granja não se vê ninguém pela rua – é meio da tarde, o calor aperta. A escola ergue-se por detrás de um muro branco, tamanho original extravasado para uma ala nova, onde se alojam a cozinha e a sala, deixando os três quartos (dois duplos, um em camarata) e casas de banho (incluindo para pessoas de mobilidade reduzida) na área que corresponde à antiga escola.
No interior da escola – preparada para receber um máximo de dez pessoas e claramente vocacionada para “estadias prolongadas e familiares”, descreve Rui Rocha (contudo há várias opções de ocupação com preços à medida) – está tudo arranjado e devidamente equipado; o exterior, rodeado de oliveiras e carvalhos, espera quem o alinhe – talvez até construir uma piscina que ajude a passar dias quentes. No horizonte, na frente da casa, avista-se o miradouro e moinho do Outeiro (permanecem três moinhos de vento, de madeira, no concelho) e os vales e montes até lá são atravessados por trilhos pedestres.
Ansião é na verdade uma encruzilhada para caminhantes, pelo menos na vertente de peregrinação: está no Caminho de Santiago e no de Fátima. Também é um dos eixos da Villa Sicó, que reúne pólos de romanização da região, incluindo Conímbriga, em Condeixa, e Santiago da Guarda, aqui em Ansião, onde uma villa romana (século IV ou V) se abriga dentro do único exemplar de arquitectura manuelina do concelho. E a estes pretextos turísticos juntem-se-lhes por exemplo, a maior mancha de carvalho português (“cerquinho”) e um “cabaz” de produtos endógenos (que inclui, entre outros, o queijo do Rabaçal, vinho da sub-região de Sicó, azeite e frutos secos) para perceber a aposta da autarquia. (Andreia Marques Pereira)